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De Moro a Kassio: por que o “terrivelmente evangélico” ficou de fora

Bancada religiosa acha que ficou para a segunda vaga e vai cobrar, mas apoio ao presidente vai se afunilar porque tem mais candidato do que cadeira

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2020, 15h08 - Publicado em 1 out 2020, 10h49

Quando preencher a vaga para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro agradará a uns e desagradará muitos outros. No caso do desembargador Kassio Nunes Marques, atual líder nas bolsas de apostas, o centrão, políticos como Ciro Nogueira (PP-PI) e ministros do STF, como Gilmar Mendes e Dias Toffoli, ficarão felizes e estão até comemorando. Mas essa vaga já teve muitos donos.

Quando era interessante para o presidente se aproximar de Sergio Moro e da imagem da Lava Jato, Bolsonaro prometeu o posto ao ex-juiz da maior operação de combate à corrupção. E não faz muito tempo. Em maio do ano passado, 16 meses atrás, o presidente disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que havia firmado compromisso com o então superministro da Justiça e que ia honrar o que foi acertado, caso Moro mantivesse o desejo de ir para a mais alta corte do país.

O ex-juiz da Lava Jato, hoje professor universitário e colunista, mantém a vontade de ser ministro do STF, mas é persona non grata do governo e de Bolsonaro, a quem acusa de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. O caso está em investigação e próximo do fim. A última questão a ser decidida é se o presidente vai depor presencialmente ou por escrito. Ultrapassada essa etapa, o Ministério Público Federal (MPF) pode ou não apresentar denúncia.

Não foi só Sergio Moro que ficou pelo caminho para a vaga na corte. Se o candidato do centrão for confirmado, um outro grupo político, há mais tempo na base do governo Bolsonaro, ficará bastante decepcionado: os evangélicos. Aliados de primeira hora do presidente, ainda na época da campanha eleitoral, eles emplacaram três pastores no primeiro escalão do governo. Mas querem mesmo é influenciar as pautas dos costumes, e encasquetaram que só podem fazer isso através do STF.

Como mostrou a coluna em setembro, o segmento passou a se preocupar bastante porque, na avaliação deles, o primeiro indicado – justamente para a vaga do decano Celso de Mello – era para ser, obrigatoriamente, deles. “Nós aguardamos que o ministro ‘terrivelmente evangélico’ seja nomeado nessa primeira vaga. O compromisso público do presidente Jair Bolsonaro conosco é em relação à primeira vaga do STF. A segunda ele pode botar católico…”, afirmou uma liderança da bancada gospel na ocasião.

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Kassio Nunes Marques é católico. Com o seu nome sendo alçado ao posto de primeiro colocado, lideranças evangélicas reagiram, nesta terça 30, numa mistura de indignação e ceticismo. Alguns já começaram a apontar a segunda vaga, que será aberta em meados do ano que vem com a aposentadoria de Marco Aurélio Mello, como certa para o movimento religioso. Mas não seria surpresa se a conta começasse a ser cobrada em breve por lideranças evangélicas, cada vez mais sedentas pelo poder.

Acontece que, mantendo a decisão pelo desembargador do Tribunal Regional Federal, Bolsonaro não só contraria os evangélicos, mas também alguns (muitos) candidatos ao STF, hoje no Superior Tribunal de Justiça (STJ) – o principal deles, o ministro João Otávio de Noronha, que, entre outras coisas, liberou o ex-faz-tudo da família Fabrício Queiroz da cadeia. Os dois, que viveram amor à primeira vista, agora enfrentarão a primeira crise na relação.

Bolsonaro tem o direito de escolher quem quiser para a vaga, mas, conhecedor da política como é, já que há 30 anos exerce cargos eletivos, sabe que a decepção de aliados, ou de ex-aliados, é o que há de pior para quem é candidato à reeleição. Em 2021, com a escolha do segundo ministro do Supremo, o presidente, que prometeu o posto a vários candidatos, até para o procurador Augusto Aras, verá o apoio a ele se afunilar. É improvável que consiga agradar a gregos e troianos.

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