A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid será iniciada no Senado num momento ruim para Bolsonaro. Após a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), os senadores terão que investigar as ações do governo no combate à pandemia. Enquanto isso, o presidente da República enfrenta um cenário econômico caótico, uma crise sem precedentes na saúde e vê seus índices de popularidade caírem nas pesquisas de opinião.
Na economia, a inflação bateu 6,1% em 12 meses, mais do que o teto da meta. Segundo os economistas, vai continuar aumentando até chegar a 7%, 8%. A recessão continua. O PIB (Produto Interno Bruto) está negativo (caiu 4% no ano passado e deve ficar negativo nos dois primeiros trimestres deste ano). O desemprego já atinge 14 milhões de pessoas. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) acaba de divulgar um estudo mostrando que há falta de insumos e componentes na maior parte das indústrias. O quadro econômico é horroroso.
Além disso, a popularidade está caindo nas medidas de todos os institutos. A briga do orçamento só vai ser resolvida com corte de emendas parlamentares. O relator, o senador bolsonarista Márcio Bittar, está criticando o governo em geral e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em particular, porque diz que tudo foi feito junto com o governo.
Quanto à pandemia, esse momento é pior do que o pico do ano passado. As mortes já superaram o marco de 4 mil óbitos diários em alguns dias desta semana e, no mundo inteiro, a imprensa coloca que o Brasil vive sua fase mais tenebrosa. O mau humor dos parlamentares, dos eleitores, e as muitas provas de que o governo deixou de fazer o que precisava – enquanto fez o que não precisava, como a defesa da cloroquina – fortalecem a CPI.
Vale lembrar a velha frase dos políticos sobre CPIs: sabe-se como começam, e nunca como terminam.