As mulheres viraram o jogo na CPI da Covid. A polêmica gerada no início dos trabalhos da comissão pela ausência de mulheres como integrantes do grupo motivou as senadoras a adotarem uma estratégia de ocupação que deu certo.
Como a coluna mostrou em abril, já havia uma intenção das mulheres de participar dos trabalhos da comissão.
Mais de dois meses depois do início das oitivas, o resultado é visível: as parlamentares se organizaram e superaram, inclusive, divisões partidárias para garantir presença nas sessões. Hoje, sempre há alguma senadora participando de forma importante durante os depoimentos.
Um dos momentos mais importantes da CPI até agora aconteceu após uma pergunta da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que pressionou o deputado Luís Miranda (DEM-DF) até ele admitir que o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) era o responsável por arrochar o Ministério da Saúde para a compra da Covaxin. Segundo Miranda, o presidente Jair Bolsonaro sabia das negociações na pasta.
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Além de Simone, outras senadoras têm se destacado na comissão. Eliziane Gama (Cidadania-MA) chegou a presidir uma das sessões por um período após determinação do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) e foi decisiva durante o depoimento do policial militar Luiz Paulo Dominguetti. As senadoras Leila Barros (PSB-DF) e Mara Gabrilli (PSDB-SP) também deram contribuições importantes em suas participações.
Até mesmo parlamentares da direita têm reforçado os trabalhos da CPI, como Soraya Thronicke (PSL-MS), que faz perguntas sempre objetivas nas sessões das quais participa.
Deixando para trás o fato de que as mulheres não têm voto nessa comissão, é importante dizer que elas garantiram o direito à voz e têm sido fundamentais para desvendar os erros cometidos pelo governo na aquisição das vacinas contra a Covid-19.