Assine VEJA por R$2,00/semana
Matheus Leitão Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

Adeus ano velho

Ex-senador Cristovam Buarque afirma que 2021 só começa quando o Brasil iniciar a aplicação das vacinas contra o coronavírus `

Por Cristovam Buarque
Atualizado em 31 dez 2020, 13h05 - Publicado em 31 dez 2020, 13h04
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Depois de passar por um ano que ensinou a todos sobre a importância da vida familiar e da tecnologia, só será possível entrar em um ano novo com a aplicação das vacinas capazes de combater o coronavírus.

    Publicidade

    No artigo abaixo, o ex-senador e ex-governador Cristovam Buarque faz uma análise das lições aprendidas em 2020 e afirma que 2021 tem dois cenários possíveis: ou a vacina vai imunizar o corpo e amnesiar a consciência sobre o que vivemos ou imunizar o corpo e despertar a nossa consciência para um novo tempo. O que foi 2020 e o que será 2021?

    Publicidade

    Adeus ano velho

    *  Por Cristovam Buarque

    Publicidade
    Continua após a publicidade

                Antes do “Feliz Ano Novo” é preciso dizer “Adeus Ano Velho”. Até porque este ano novo não chega no 1º de janeiro, mas no dia em que o Brasil começar a aplicar vacinas contra o Covid. Para então lembrarmos as lições deste e os desafios para o próximo.

                Em 2020 aprendemos que de fato a civilização ficou global e que um invisível vírus é capaz de matar centenas de milhares de pessoas em todas as partes do mundo. Em um ano matou o equivalente a cerca de 15 bombas atômicas de Hiroshima, em toda superfície da Terra. Colocou milhões em UTIs, parou fábricas, aeroportos, escolas, esvaziou os centros das cidades por todo o mundo, derrubou o PIB das mais sólidas economias, até derrotou um presidente dos Estados Unidos e comprovou que o do Brasil é um despreparado. Mostrou também a importância da vida familiar, da tecnologia que nos permite acesso ao mundo remoto, no comércio, na informação, nas artes, nas amizades. Descobrimos que é possível viver, produzir, estudar, usufruir e até viajar e ser livre, sem sair de casa. Alguns descobriram também que estas facilidades não estão à disposição de todos: que uma “Cortina de Ouro” serpenteia cortando cada país do planeta dividindo-o em uma parte integrada mundialmente, independentemente de onde vive, e outra excluída, mesmo morando ao lado.

    Publicidade

                O ano 2021 vai chegar com duas alternativas: ou a vacina fará esquecer o período anterior e a vida voltará ao mesmo estilo de ganância de lucro e voracidade do consumo, com todas suas consequências sobre o desequilíbrio ecológico e sobre o tamanho da desigualdade; ou vai ajudar a humanidade a aproveitar novas tecnologias para fazer um mundo melhor, mais belo, justo e sustentável. Se fizermos esta segunda opção, o caminho será necessariamente através da educação, garantida com a mesma máxima qualidade para todos e com um conteúdo que passe uma consciência de solidariedade social no presente, responsabilidade ecológica no longo prazo e respeito à diversidade; além de capacidade de empregabilidade e conhecimento pessoal para buscar a felicidade própria.

    Continua após a publicidade

                Para isto, o Brasil precisará dar passos no sentido de iniciar estratégias para substituir os frágeis 6.000 sistemas municipais por um robusto sistema federal de educação de base, sem o que não será possível obter a qualidade máxima, ainda menos a equidade nesta qualidade para toda criança, independentemente de sua renda e endereço; segundo, definir currículos nacionais que prepare os jovens ao mundo em transformação: consciência ecológica, solidariedade local e internacional, um ofício e capacidade para substituí-lo ao longo da vida, aprender idiomas, e a história e a geografia de sua região, do país e do mundo; ser um cidadão para o planeta mutante social e culturalmente. Além disto, 2021 deve ser o início da transformação da escola teatral dos últimos dois séculos – o professor e o quadro negro na frente de um pequeno grupo de alunos – para a aula cinematográfica interativa, presencialmente ou remotamente, elaborada com o uso das técnicas de teleinformática, efeitos especiais, bancos de dados, imagens e informações.

    Publicidade

            A epidemia e a quarentena podem ter servido para despertar o mundo a este novo tempo ou a continuar a marcha em direção aos desastres. social e ecológico, Tudo vai depender da vacina imunizar o corpo e amnesiar a consciência, curar e esquecer; ou imunizar o corpo e despertar a consciência para um novo tempo, em que os encarregados de formular e agir – filósofos e políticos – olharão para o 2021, sem esquecer 2020.

    * Cristovam Buarque é professor, ex-senador e ex-governador do Distrito Federal

    Publicidade
    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.