
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou desfazer a demolidora declaração de Lula sobre a meta fiscal de 2024, mas não conseguiu completamente.
Sejamos honestos também: era bastante difícil para Haddad cravar que o presidente da República não falou exatamente que disse.
Lula não se importou com consequência alguma ao dizer que a meta fiscal de Haddad era inatingível e que, mesmo que fosse possível, não é tão necessária.
“A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias para esse país. Então eu acho que muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida. […] Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que é? De 0,25%, o que é? Nada. Praticamente nada”, disse o presidente na última sexta, 27.
Agora, nesta segunda, 30, o ministro da Fazenda disse duas coisas para tentar desfazer o estrago no mercado financeiro e no Congresso Nacional causado pela declaração do presidente.
“A minha meta está mantida. […] Lula [também] está preocupado com a meta fiscal”.
Não resolve, mas ajuda a acalmar ao menos o dia de hoje.
É preciso lembrar que, após o presidente desautorizar Haddad publicamente, o Congresso já deu sinais de que não gostou.
“As declarações do presidente Lula sobre o abandono da meta fiscal causam constrangimento ao ministro Haddad, que tem lutado muito para atingir o deficit zero. Trata-se de uma fala brochante para a pauta econômica, que sofre resistências no Legislativo”, afirmou o deputado Danilo Forte, relator da LDO.
A situação ficou tão ruim que o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, veio a público dizer que Lula e Haddad estão em absoluta sintonia, mesmo após a forte desafinada da semana passada.
Se não houvesse um problema, Padilha não precisaria falar isso ao país.