Em uma das guinadas mais importantes de um ministro do Supremo Tribunal Federal desde as eleições, Luís Roberto Barroso começou a enfrentar o bolsonatismo radical como deve ser: com inteligência e a ironia fina dada àqueles que compreendem o momento histórico do país.
Após recuperar seu perfeito carioquês em resposta a manifestante extremista que o hostilizava na rua – o já famoso “perdeu, mané, não amola” – o magistrado teceu mais uma pérola contra os seguidores da seita de direita: ‘Não adianta apelar para quartéis e não adianta apelar para seres extraterrestres”.
A declaração foi dada nesta sexta, 25, em uma palestra para estudantes na sede do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, em Salvador, e foi seguida de risos e um estrondoso aplauso.
Barroso se referia a ato em Porto Alegre no qual manifestantes bolsonaristas usaram lanternas de celulares apontadas para cima com um pedido de SOS aos extraterrestres… por conta da vitória de Lula.
Claro que o ministro do STF também tentou mostrar aos lunáticos antidemocráticos – por A + B – que eles estão fora da realidade ao não aceitar a derrota de Bolsonaro, a primeira de um presidente que buscava a reeleição.
“Eles têm repetido que Supremo é o povo. E é isso mesmo. Soberania popular significa a supremacia da vontade do povo, que se manifesta nas eleições. O resultado tem que ser respeitado”, disse, antes de completar que golpistas precisam ser “empurrados para a margem da história”.
Barroso também lembrou o óbvio: que a corte tomou decisão nos últimos anos que desagradou todos os presidentes que ocuparam o Palácio da Alvorada. O ministro completou o raciocínio dizendo que é preciso combater firmemente a “falsa crença” de que o Supremo tem um lado na política brasileira.
Na palestra, o ministro ainda chamou os manifestantes bolsonaristas que o xingam, esses que podem estar nos acampamentos dos quartéis defendendo abertamente um golpe de estado, de “selvagens”.
Boa, Barroso. Está na hora de dar nome aos bois. Ou, ao gado.