Um teste para Marina na Câmara antes de decisão sobre futuro de sua pasta
Ministra deve ir a debate sobre petróleo na Amazônia um dia antes de prazo final para Congresso votar MP que esvazia o seu ministério
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve participar de um evento importante na Câmara dos Deputados na quarta-feira, 31, um dia antes do prazo final para o Legislativo decidir muita coisa relativa ao futuro da pasta que comanda.
Marina é uma das convidadas da Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável para debater a concessão de licença para a Petrobras explorar petróleo na bacia da foz do rio Amazonas, hoje um dos assuntos que divide o governo Lula. Com ela deverão estar ao menos dois opositores a ela dentro do governo: o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Aliado a ela estará o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que, com base em um parecer assinado por dez técnicos do órgão, negou o pedido de licença feito pela petroleira. O episódio criou uma saia-justa para Marina no governo e foi tema de uma reunião, mediada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, que decidiu pela reapresentação do pedido pela Petrobras, com o atendimento das exigências listadas pelo Ibama. Na quinta-feira, 25, a estatal apresentou novo pedido, no qual reafirma o seu histórico de não ter acidentes em águas profundas e o seu know-how para esse tipo de exploração e anuncia aperfeiçoamentos no seu plano de emergência.
Na quarta-feira passada, dia 24, Marina já havia ido à mesma comissão da Câmara, mas para falar do plano de trabalho de sua pasta. Ao ser indagada sobre a questão da exploração de petróleo na Amazônia, ela defendeu o Ibama. “É uma decisão de um governo republicano, que respeita a lei, não é negacionista e não desobedece a relatório técnico de dez técnicos do órgão”, afirmou.
A nova ida de Marina à Câmara na próxima quarta ocorrerá em um momento decisivo para ela no governo. No dia seguinte, termina o prazo para o Congresso votar a Medida Provisória 1.154/2023, enviada por Lula, que reorganiza o governo em 37 ministérios. Na quarta-feira, 24, a comissão mista que discutiu a MP aprovou relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que retirou parte das atribuições do Ministério do Meio Ambiente e transferiu para outros ministérios .
A medida irritou Marina, que chegou a criticar o Congresso. Em uma reunião na sexta-feira, com a presença de Lula e dos ministros Alexandre Padilha (articulador político no Legislativo) e Rui Costa (Casa Civil), o governo anunciou que iria negociar para manter o texto original antes da votação em plenário. O desempenho de Marina na nova audiência poderá ajudar na tarefa de convencer os parlamentares a manter a estrutura original de seu ministério.