Recém-empossada como nova ministra-chefe da Secretaria de Governo, a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) ganhou promeniência na articulação política ao conseguir aprovar o Orçamento de 2021 na última semana. Parlamentar mais votada do Distrito Federal em 2018, com mais de 120.000 votos, ela foi a primeira mulher a presidir a Comissão Mista do Orçamento por indicação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem é uma fiel aliada.
Novamente indicada na cota do Centrão, Arruda agora vai comandar uma das pastas mais importantes e visadas pelos parlamentares. A Secretaria de Governo cuida da articulação do Planalto com o Congresso – leia-se, liberação de emendas, recursos extras e negociação de cargos. “O Centrão agora vai ter finalmente a chave do cofre do governo Bolsonaro. Eles não tiveram isso nem na época da Dilma”, resumiu um líder partidário. Antes de Arruda, a pasta ficou a encargo de dois militares, os generais Santos Cruz e Luiz Eduardo Ramos, que agora se tornou o ministro-chefe da Casa Civil.
Parlamentar de primeiro mandato na Câmara, Flávia Arruda, de 41 anos, não tem nenhuma pendência judicial, mas possui ligações próximas com políticos bastante enrolados na Justiça e identificados com a chamada “velha política”. A começar por seu marido, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, o primeiro chefe de Executivo de uma unidade da federação a ser preso no exercício do mandato. Ele ficou encarcerado por dois meses e não retomou o cargo porque foi cassado por infelidade partidária ao sair do DEM para evitar a expulsão. No fim, José Roberto Arruda acabou condenado nas investigações conhecidas como Mensalão do DEM ou Caixa de Pandora.
Em 2014, José Roberto Arruda se candidatou novamente ao governo do Distrito Federal, mas acabou sendo impedido de concorrer por ter sido enquadrado como ficha suja pelo Tribunal Superior Eleitoral. Quem entrou no lugar foi o já falecido Jofran Frejat (PL), tendo Flávia como vice — a chapa acabou perdendo a eleição para o ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
A nova ministra hoje integra os quadros do PL, cujo presidente é o célebre Valdemar Costa Neto, que foi condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do Mensalão. Como cortesia pela nomeação de Arruda, Costa Neto visitou o presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, dia 30. Junto com o PP, de Arthur Lira, o PL é um dos principais partidos da base do governo atualmente.
Antes de ser política, a nova ministra já foi apresentadora da previsão do tempo em um programa jornalístico da TV Bandeirantes e é formada em educação física e direito. Arruda é descrita pelos colegas como conciliadora e boa comunicadora. Além de alinhada a Lira, ela também era próxima do ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que a elogiou nas redes sociais. “Vem exercendo o seu mandato com muita competência”, escreveu ele. “Desejo que ela consiga organizar bem a articulação política do governo com o Parlamento. É isso que a sociedade brasileira espera”.