A candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República enfrenta muitos problemas, como mostrou reportagem de VEJA da edição desta semana, entre eles a estagnação – com viés de baixa – nas pesquisas eleitorais, a falta de rumo da campanha, mesmo com o marqueteiro João Santana no comando, e o lançamento de nomes no centro que tiram o seu espaço, como os de João Doria (PSDB) e Sergio Moro (Podemos).
Mas nada ameaça mais a candidatura do ex-governador do Ceará do que o desempenho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, aliada à movimentação intensa do petista nos bastidores.
Ao menos três candidatos do PDT a governador em 2022 já sinalizaram que vão receber Lula com entusiasmo em seus palanques: Rodrigo Neves (Rio de Janeiro), Weverton Rocha (Maranhão) e Edvaldo Nogueira (Sergipe). Todos já estiveram recentemente com o petista.
“Conversamos sobre a sólida e histórica aliança entre trabalhistas e petistas no Leste Fluminense e a grave crise do desemprego, da falta de renda e do aumento da pobreza e da fome no Brasil e no Rio de Janeiro”, disse Neves ao postar uma foto do tuíte do encontro com Lula no Rio em novembro deste ano.
https://twitter.com/_RodrigoNeves_/status/1458524706714406920?s=20
Já Weverton Rocha, também em post nas redes sociais após se encontrar com o petista em outubro, disse que “é hora da união de todos os que lutam pela democracia”.
https://twitter.com/wevertonrocha/status/1445481836600193030?s=20
No caso do senador do Maranhão, a provável aliança está em um estágio tão avançado que o Ministério Público abriu investigação para apurar propagandas em ônibus que atrelam as duas candidaturas — o que poderia configurar infração à legislação eleitoral.
Já Edvaldo Nogueira é um aliado histórico do petismo em Sergipe. Ele se projetou na política como vice-prefeito de Aracaju, ainda pelo PCdoB, quando o prefeito era Marcelo Déda (PT), entre 2001 e 2006. Com a morte de Déda, ele assumiu o cargo, que ocupou até 2012 — depois, voltou em 2017.
O número de palanques de Ciro que provavelmente serão ocupados também por Lula tende a aumentar. No Ceará, por exemplo, onde as duas legendas são aliadas, o atual governador, Camilo Santana (PT), defende que o seu partido não tenha candidato e apoie um nome do PDT — o favorito é o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Lula hesita em aceitar a solução, mas se topar uma nova coalização entre PT e PDT no estado, será mais um palanque que dividirá com Ciro.