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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Os seis sapos que Moro engoliu (ou ainda está engolindo) no governo

Anunciado como superministro no início do governo Bolsonaro, ex-juiz da Lava Jato acumula constrangimentos em série com a adoção de medidas que não aprova

Por José Benedito da Silva Atualizado em 10 Maio 2019, 07h56 - Publicado em 9 Maio 2019, 17h40

Sergio Moro largou a toga e um tratamento de estrela no Judiciário brasileiro para tentar voo mais alto: chegar ao Supremo Tribunal Federal (seria como ‘ganhar na loteria’, disse ele) após uma passagem marcante como ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro.

Chegou com status de superministro – ao lado de Paulo Guedes (Economia) -, aumentou a musculatura da pasta, com a anexação do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), encheu o ministério de integrantes e ex-integrantes da Lava Jato e lançou um pacote ambicioso para a segurança pública.

Mas o caminho tem sido acidentado. Em pouco mais de quatro meses de governo, ele já acumula ao menos seis ‘sapos’ – expressão popular para coisas que temos que aceitar meio a contragosto -, sendo o último nesta quinta-feira: a tentativa de deputados de retirar o Coaf de suas mãos.

Relembre outros momentos que não agradaram ao ex-todo poderoso da luta contra a corrupção:


Bolsonaro assina decreto que facilita compra e posse de armas; Bolsonaro (à direita) aplaude timidamente (Cristiano Mariz/VEJA)

Decretos sobre armas

Na verdade, foram dois sapos em um. Em janeiro, Moro assinou junto com Bolsonaro um decreto flexibilizando as regras para compra e posse de armas no país, mesmo sem concordar com a medida. Na cerimônia de assinatura, ele não falou com a imprensa. Mais tarde disse à GloboNews que “na proposição de uma política pública, sempre há discussão intensa” e que “as pessoas muitas vezes divergem e há mudanças de posição”. Nesta semana, mais do mesmo: um novo decreto facilitou o acesso a armas a várias categorias profissionais, como políticos, caminhoneiros e repórteres. E a resposta constrangida de Moro foi parecida: ‘Não tem a ver com a segurança pública. Foi uma decisão tomada pelo presidente em atendimento ao resultado das eleições”, afirmou.


A cientista política Ilona Szabó, nomeada e depois ‘desnomeada’ por Moro: ministro pediu desculpas (Juan/Instituto Igarapé/.)

Ilona Szabó

Em fevereiro, Moro nomeou Ilona Szabó, cientista política e diretora do Instituto Igarapé, ONG especializada em estudos sobre segurança pública, como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A nomeação causou um alvoroço nas redes sociais bolsonaristas, que criticaram a decisão por considerar a socióloga uma “desarmamentista” e defensora de políticas de direitos humanos. Após ser pressionado pelo próprio Bolsonaro, Moro desistiu da nomeação e pediu desculpas a Ilona. Em nota, disse que “diante da repercussão negativa em alguns  segmentos, optou-se por revogar a nomeação, o que foi previamente comunicado à nomeada e a quem o ministério respeitosamente apresenta escusas”.

 


Após ‘sabão’ de Rodrigo Maia (DEM-RJ) em Sergio Moro, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), tenta promover as pazes (Twitter/Reprodução)

‘Sabão’ de Maia

Outro momento constrangedor para Moro foi a reprimenda pública que recebeu de Rodrigo Maia (DEM-RJ), aliado estratégico para os interesses do governo Bolsonaro, ao cobrar do presidente da Câmara maior agilidade à tramitação de seus projetos sobre segurança pública. Maia ficou irritado com a cobrança, chamou o ministro de inconveniente em conversas com aliados e atacou: “ O funcionário do presidente Bolsonaro? Ele conversa com o presidente Bolsonaro e, se o presidente Bolsonaro quiser, ele conversa comigo”, disse. E emendou, sobre os projetos do ex-juiz: “Ele está copiando o projeto direto do ministro Alexandre de Moraes. É um copia e cola. Não tem nenhuma novidade, poucas novidades no projeto dele”, disse.


Indígenas protestam contra o governo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF) – 24/04/2019 (Adriano Machado/Reuters)

Quem fica com os índios?

Na reforma administrativa que está em discussão no Congresso, Moro pode acumular três sapos. Um deles envolve a Funai (Fundação Nacional do Índio) – o ministro não quer o órgão em sua pasta, mas a comissão mista que discute a questão aprovou exatamente isso. A intenção do presidente Bolsonaro e de Moro era colocar a Funai na pasta de Damares Alves (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos). Em abril, o ministro descartou a volta da questão indígena para sua pasta e disse que atualmente índio não é uma questão de polícia.  “Essa é uma decisão do governo federal, está no Congresso. No fundo, foi uma decisão tomada, acho uma decisão correta”, disse.

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Major Olimpio, aliado de Bolsonaro e líder do PSL no Senado, quer retirar a segurança pública das mãos de Sergio Moro (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Divisão do ministério

Outro sapo veio de onde Moro menos esperava: Major Olímpio, líder do PSL no Senado e um dos aliados de primeira hora do governo Bolsonaro, afirmou que vai defender, na mesma reforma administrativa que discute o Coaf e a Funai, que o Ministério da Justiça e Segurança Pública volte a ser apenas o Ministério da Justiça e que a segurança pública ganhe uma pasta independente. “Eu (…) defendo que é importante ter um ministério só para abarcar a estrutura policial. Já conversei com o ministro Moro em outras oportunidades. Ele tem uma visão diferente”, afirmou Olímpio ao jornal O Globo. Segundo o jornal, os partidos do chamado Centrão esperam a posição do PSL sobre o assunto.


Moro quer ficar com o Coaf, conforme prometeu Bolsonaro, mas quem deve ficar com o órgão é o seu colega, Paulo Guedes – 01/11/2018 (José Lucena/Futura Press/Folhapress)

Coaf

Essa promete ser a derrota mais dura do ministro Moro. A comissão mista da reforma administrativa do Congresso aprovou nessa quinta-feira 9 a volta do Coaf ao Ministério da Economia, de onde tinha sido tirado por Bolsonaro logo ao assumir o governo – inclusive para agradar a Moro, que acha fundamental que a estrutura, que monitora movimentações financeiras suspeitas, fique sob sua alçada. O ex-juiz chegou a se empenhar pessoalmente em diálogos com parlamentares para garantir que o Coaf ficasse no Ministério da Justiça, mas a derrota na comissão mostrou que as conversas não foram suficientes. O texto ainda vai passar pelos plenários da Câmara e do Senado. Parlamentares investigados, principalmente do Centrão, trabalham para tirar o órgão das mãos de Moro, o que deve dificultar a pretensão do ministro. Como consolo, Paulo Guedes, ministro da Economia, prometeu manter a diretoria do Coaf nomeada pelo ex-magistrado.

 

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