Alvo de críticas pela contratação de profissionais cubanos que não passaram pelo teste do Revalida no Brasil, o programa Mais Médicos será reeditado no país após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, no mês que vem. O assunto está sendo tratado no grupo de transição da Saúde, mas o retorno dos estrangeiros não será automático e tampouco será prioridade na gestão — mas não está descartado.
Estima-se que mais de 2.000 cidadãos de Cuba permaneceram por aqui depois da posse de Jair Bolsonaro, há quatro anos, e a maioria está na informalidade. “O número de médicos brasileiros é muito maior do que em 2013 e, com boas ofertas, vamos acabar lotando as vagas só com esses profissionais validados”, acredita o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, que participa da montagem do novo governo.
Problema antigo nas gestões públicas e privadas, a alocação de médicos nas regiões mais distantes pode, no entanto, abrir caminho para a contratação dos cubanos. “Se houver demanda de médicos em aldeias indígenas, por exemplo, onde muitos não querem trabalhar, podemos lançar mãos deles (médicos de Cuba), pois a lei nos autoriza”, diz Chioro.
No próximo sábado, 11, a equipe da transição da Saúde vai entregar seu relatório ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, coordenador geral dos trabalhos, com os diagnósticos de todos os estudos feitos no último mês. Foram mais de trinta reuniões com entidades, profissionais e especialistas no tema. Uma das maiores preocupações do grupo é com a falta de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI) para o ano que vem. “Em 2015, as todas as vacinas aplicadas no país tinham níveis de cobertura acima de 95%. Hoje, nenhum imunizante chegou perto desse índice”, afirma o ex-ministro.