Em discurso para a militância neste sábado, 16, por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas para 2022, criticou o governo Bolsonaro, disse que “milicianos” não vão resolver os problemas do país, atacou a elite econômica e responsabilizou a “Ponte para o Futuro” do MDB, que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, por uma série de mazelas atuais.
Para o petista, o brasileiro hoje tem fome não só de comida, mas de emprego, salário digno, educação, cultura e política ambiental. “É possível mudar isso? É. Quem é que pode mudar isso? Nós. Com que instrumento? Com partido político, com sindicato forte, com movimento social forte e com muita coragem. A gente não pode aceitar a ideia de que os milicianos vão resolver os problemas deste país”, disse o ex-presidente no Encontro dos Movimentos Sociais do Campo, das Águas e das Florestas com Lula em Defesa da Vida e contra a Fome, realizado pelo PT em São Paulo. “O nosso povo não quer armas, nosso povo quer livros”, declarou, em outro trecho da fala.
“A cabeça da elite econômica brasileira não mudou. Nós estamos vivendo um momento em que a cabeça da elite brasileira ainda é escravista. É o único significado da existência da fome. A gente pode produzir o que a gente quiser, se o povo não tiver dinheiro, ele não come”, disse Lula, ilustrando seu discurso com o coronelismo que, segundo ele, ainda persiste no Nordeste.
O ex-presidente declarou também que, “toda vez que aparece um governo que começa a se preocupar com os mais pobres, alguém dá um golpe”. E culpou os responsáveis pela “Ponte para o Futuro”, um plano de voo apresentado pelo MDB de Michel Temer às vésperas do impeachment de Dilma, pela deterioração dos indicadores sociais. “Essa gente faz autocrítica? Não, essa gente quer a continuidade disso, porque esse país nunca foi governado para cem por cento do seu povo”, disse Lula. No último dia 6, o petista jantou com caciques do MDB, entre eles os ex-senadores Eunício Oliveira e Edison Lobão, mas não tocaram no assunto. Quando Dilma deixou o governo, em 2016, o IBGE apontava que havia cerca de 12 milhões de desempregados no Brasil.