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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Em áudio, Joesley relata ‘felicidade’ da PGR ao anular delações
Conversa gravada entre executivos da JBS, obtida por VEJA, aconteceu antes do fechamento do acordo de delação do empresário, que viria a ser rescindido
Em uma das conversas gravadas entre executivos da JBS, recuperadas pela Polícia Federal e obtidas por VEJA, o empresário Joesley Batista relata ao lobista da JBS, Ricardo Saud, e ao diretor jurídico da empresa, Francisco de Assis e Silva, sua percepção sobre a satisfação dos procuradores da Procuradoria-Geral da República (PGR) em anular acordos de delação premiada devido a falhas dos delatores – assim como veio a ocorrer com Joesley e Saud, inicialmente beneficiados com imunidade penal e presos atualmente. A conversa entre os três, após uma reunião na sede da PGR, deu-se antes de a delação da JBS ser concretizada.
“Você viu a felicidade dele em derrubar um acordo? É a melhor coisa que esses caras acham. ‘Esses babacas vem, se f…, aí depois no final nóis derruba o acordo deles’. É a coisa que esses caras mais gosta. É a goleada deles sabe o que que é? É você vim aqui, ajoelhar no milho, contar tuuudo e deixar um rabinho de fora. Aí outro vem, conta, e ele derruba seu acordo. Aí você ficou com cara de idiota. Ou seja, ele pegou tudo e ainda te f…”, disse Joesley, bem a seu modo de se manifestar.
O medo do empresário em ter o acordo de delação anulado posteriormente se devia à resistência de seu irmão, Wesley Batista, em entregar aos investigadores “uns rolo de uns fiscais”. “Eu falei hoje com o Wesley. Nós vamos fazer hoje um troço mega, com uma exposição mega e vamos ficar passando medo de um f… desses ainda delatar nóis?”, criticou Joesley.
Na conversa com Ricardo Saud e Francisco de Assis, Joesley Batista ainda cita o que um procurador teria dito sobre a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. “Vamos derrubar o acordo dele, estamos precisando derrubar o acordo dele, mentiu demais”, conta o empresário.
No áudio obtido por VEJA, Saud ainda fala como “Marcelo” – provavelmente o ex-procurador Marcello Miller, pivô da rescisão do acordo de delação dos executivos – estava “assim” com os procuradores. A impressão do lobista da JBS vinha do fato de ele ter tratado com “Marcelo” de um assunto de menor importância e depois, durante a reunião na PGR, um procurador ter mencionado o mesmo tema. “Uai, será que é tanta coincidência assim?”, impressionou-se Ricardo Saud.
Ouça abaixo a íntegra do áudio.
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