O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos protocolou uma interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) depois de ter sido comparado ao PSOL pelo ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, um dos mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro.
A declaração de Oliveira foi dada em entrevista ao Valor Econômico, quando o ministro foi questionado sobre se Santos e a militante de extrema direita Sara Geromini, a Sara Winter, seriam o “PSOL de Bolsonaro”. “Em alguma medida, sim. Sem entrar no mérito do que cada um defendeu, há uma linha bem diferente que separa esquerda e direita, mas os dois têm seus extremos. E é natural que tenha. É bom que haja diferenças”, afirmou Jorge Oliveira.
A interpelação assinada pelo advogado do blogueiro classifica a resposta como “analogia desproporcional e imprópria de cunho ofensivo” e lembra que um dos fundadores do PSOL, o italiano Achille Lollo, ex-militante do Partido Operário, foi condenado na Itália por um incêndio criminoso em Roma, em abril de 1973. Ao lado de mais duas pessoas, Lollo ateou fogo no apartamento onde vivia Mario Mattei, do Movimento Social Italiano. Dois filhos de Mattei morreram no incêndio e Lollo, condenado em 1987, fugiu ao Brasil.
Diante do que entende como declarações “dúbias e ambíguas” do ministro, no entanto, Allan dos Santos faz três perguntas a Jorge Oliveira, citando indiretamente Guilherme Boulos, ex-presidenciável do PSOL e candidato à Prefeitura de São Paulo pelo partido, e Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou Bolsonaro na campanha de 2018 e era filiado ao partido.
“O Interpelado acredita que o Interpelante já matou ou tem o desejo de matar pessoas ateando fogo nelas, especialmente crianças, mas tudo em nome do patriotismo, não do socialismo?”, “o Interpelado acredita que o Interpelante depredou patrimônio público ou está fugindo da justiça em nome do patriotismo?” e “o Interpelado vê algum paralelo entre o Interpelante e Adélio Bispo de Oliveira que foi membro do PSOL de 2007 e 2014 e em 6 de setembro de 2018, esfaqueou Jair Bolsonaro?”, questiona Santos.
Alvo do inquérito das fake news do STF, o blogueiro está fora do país desde o final de julho, dizendo-se perseguido politicamente.