Principal esquema de manipulação de resultados esportivos dos últimos anos, a “máfia das apostas” foi descoberta pelo Ministério Público de Goiás no final do ano passado. Na ocasião, o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo de Carvalho, procurou a Justiça depois que ficou sabendo por meio de um empresário de atletas que o volante Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário, estaria envolvido com esquemas criminosos. “Sabe da última do Romário? Está devendo para um pessoal que faz apostas”, afirmou o tal empresário.
Na sequência, Carvalho, que é policial militar, recebeu de outro emissário o contato de um homem que estaria cobrando dinheiro de Romário. A pessoa em questão era Bruno Lopez de Moura, o BL, justamente o líder da quadrilha que armava os resultados em conluio com os jogadores. Ele estava tão indignado com a dívida de Romário que acabou se auto-denunciando, um autêntico gol contra no esquema da maracutaia. “O Bruno que teria organizado com o Romário e atletas de outros dois clubes uma combinação de resultados que favorecesse uma aposta específica. Essa combinação seria um pênalti no primeiro tempo em cada um desses jogos da última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B”, disse Carvalho, em depoimento na Justiça. As partidas foram: Sampaio Corrêa x Londrina, Tombense x Criciúma e Vila Nova x Sport.
Nos dois primeiros jogos, atletas de Sampaio Corrêa e Tombense cometeram as infrações, mas no último não houve a penalidade. Romário, que não havia participado da partida e escalou um comparsa de clube para que cometesse a falta, ficou em débito com a quadrilha. “Depois disso demitimos o Romário”, afirmou em depoimento o presidente do clube, que continuou recebendo mensagens de BL. “Meu amigo, como ele vai pagar eu não sei. Se ele rescindiu com vocês, ele vai dar algum jeito de… de ter que fazer alguma coisa pra nós pra… pra… pra pagar o que deve. Entendeu? O que ele não pode é ter pego… te pego dez… dez mil, que não é dele e já ter gasto. Né? Sumir com o dinheiro e agora ter que ficar pagando picado e além de tá pagando picado né, deixa a gente no prejuízo de quase meio milhão. Então algum jeito ele tem que dar”, falou Bruno Lopez, que está preso desde o fim de abril.
De posse das informações iniciais, os promotores goianos abriram um inquérito e solicitaram à Justiça duas operações de busca e apreensão nos celulares dos acusados. Chamadas de Penalidade Máxima 1 e 2, as ações do MP resultaram na prisão de três pessoas, no indiciamento de outras vinte e na investigação de 52 jogadores de futebol.