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Solo amazônico pode ajudar a recuperar áreas desmatadas

Misturar terra preta a substratos pobres pode aumentar consideravelmente a fertilidade do terreno

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 Maio 2023, 14h02 - Publicado em 12 Maio 2023, 13h32

Um dos grandes desafios para o reflorestamento de áreas desmatadas é a degradação do solo. A exposição constante às chuvas ou ao sol, o uso excessivo para monoculturas ou as queimadas fazem com que a terra perca seus nutrientes, o que dificulta o estabelecimento de novas plantas. Um grupo de pesquisadores brasileiros encontrou uma solução para esse problema, e a resposta está na floresta amazônica

No passado, esse solo também era pobre em nutrientes, mas a ocupação ameríndia entre 450 a.C. e primeiro milênio d.C. ajudou no surgimento de porções de terra preta, um tipo de solo que foi enriquecido de matéria orgânica e nutrientes através de carvões, ossos e artefatos de cerâmicas que foram deixados por essas populações. A consequência é um solo 30 vezes mais rico em fósforo e com pelo menos três vezes mais outros minerais, como cálcio, potássio e magnésio

De acordo com o estudo recente publicado na revista científica Frontiers in Soil Science, uma mistura de 20% dessa terra em um substrato padrão é o suficiente para aumentar consideravelmente a fertilidade desse solo. “Nosso maior intuito era mostrar que uma quantidade razoavelmente pequena de terra preta era suficiente para mimetizar o potencial deste tipo de solo”, afirma Anderson Santos de Freitas, estudante de doutorado na Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (USP) e autor principal do estudo. 

O benefício é provocado não apenas pelos nutrientes, mas pela maior biodiversidade de microrganismos. “Micróbios podem transformar partículas químicas do solo em nutrientes que podem ser absorvidos pelas plantas”, explica Freitas. “Nós acreditamos que são justamente os microrganismos presentes na terra que têm o maior potencial para favorecer o crescimento destas espécies de árvores para restauração de áreas degradadas.”

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Na Amazônia não há quantidade suficiente desse solo para transportá-lo para regiões desmatadas, mas os pesquisadores sugerem que pode ser possível produzir, em laboratório ou em escala industrial, substratos artificiais com características semelhantes a terra preta amazônica para beneficiar regiões que precisam desse tratamento. 

A remediação do solo não é a única característica que deve ser observada pelos programas de reflorestamento. Essas estratégias ainda precisam considerar fatores que possibilitem uma restauração responsável do bioma em questão. “Isso inclui não só o que mostramos no nosso trabalho, com nutrientes e microbiota, mas também com fatores como a escolha das espécies de plantas, técnicas de semeadura ou plantio e priorização de áreas”, diz Freitas.

A ação antrópica nas florestas é inegável e as consequências no aquecimento global são observadas cada dia com mais urgência. Hoje existe um número crescente de iniciativas  que buscam a reversão desse processo, mas um esforço ainda mais intenso e multiprofissional, como o observado na equipe que desenvolveu o trabalho, se mostra cada dia mais necessário para a amenização das mudanças climáticas. 

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