Cerco a Carlos Bolsonaro faz a direita subir o tom contra PF e STF
Deputados chamam investigadores de 'Gestapo tupiniquim' e dizem que operação é parte de uma 'perseguição insana' contra pessoas ligadas a Bolsonaro
Parlamentares bolsonaristas saíram em defesa do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) nesta segunda-feira, 29, após o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal, que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar. A ação apura a existência de um esquema ilegal de espionagem montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Bolsonaro. Segundo a PF, essa fase da operação busca os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito do órgão.
A família Bolsonaro estava em Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro, na casa de praia da família, que também foi alvo de buscas — leia a matéria aqui –, e ainda não se manifestou sobre o assunto. Parlamentares ligados ao ex-presidente, no entanto, criticaram a operação nas redes sociais e alegaram que há perseguição política. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) afirmou que as buscas “não têm outro objetivo senão constranger e intimidar cidadãos e apoiadores de Jair Bolsonaro”. A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido da PF e aval da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O senador Jorge Seif (PL-SC), ex-secretário da Pesca do governo Bolsonaro, chamou a PF de “Gestapo tupiniquim”, em referência à polícia da Alemanha nazista. “A Gestapo tupiniquim segue sua missão de perseguir todos ligados ao PR Bolsonaro: Familiares, ex-membros do Executivo e políticos (…). Bem-vindos a Brazuela!”, escreveu, fazendo uma fusão de Brasil e Venezuela.
“Minha solidariedade total a Carlos Bolsonaro, que hoje foi mais um alvo da perseguição insana dos inquéritos ilegais. Quanto mais perseguição a direita, mas nós vamos nos fortalecendo, 2026 é logo ali”, escreveu o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos líderes da bancada evangélica no Congresso.
“A perseguição aos opositores desse desgoverno não tem fim. É urgente que o Congresso se posicione e acabe com a megalomania de autoridades supremas”, disse o deputado Junio Amaral (PL-RJ). Já o senador Carlos Portinho (PL-RJ) sugeriu, sem provas, que a operação tem objetivo de vingança. “A pescaria tem um único objetivo: vingança política. Para isso querem prender o presidente Jair Bolsonaro e qualquer coisa serve de mote”, afirmou.
Entenda a ação da PF
A investigação da PF aponta que a Abin espionou ilegalmente diversas autoridades, incluindo adversários políticos e membros do Judiciário, usando um programa chamado FirstMile, que monitora os sinais de celular dos alvos e permite saber a sua localização. As informações colhidas eram repassadas ao clã Bolsonaro.
Na época em que se suspeita que as espionagens tenham acontecido, o diretor da Abin era Alexandre Ramagem, que foi alvo de operação na semana passada — o que também despertou críticas de políticos bolsonaristas, que pressionam os chefes do Congresso, o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco, a patrocinarem medidas para inibir ações da PF e do Judiciário contra parlamentares.