As reações de Doria e seu entorno ao assédio de Lula a líderes do PSDB
Equipe de campanha do governador paulista observa aproximação de petista com tucanos históricos em busca de apoio para a eleição
Enquanto trabalha para concretizar a aliança com Geraldo Alckmin (sem partido) para o posto de seu candidato a vice-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem assediando uma série de ex-colegas de partido do antigo tucano para construir uma imagem eleitoral de conciliação com a centro-direita contra Jair Bolsonaro nas eleições de outubro. Até agora, os tucanos históricos têm se mostrado abertos a esses sinais de paz, provocando algumas críticas entre os auxiliares de João Doria, governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência pelo PSDB.
De um lado, os tucanos já esperavam algum movimento contrário ao governador paulista por parte do senador Tasso Jeressatti, cacique do Ceará que entrou em rota de colisão com Doria durante as prévias do PSDB, como lembra um integrante da equipe do paulista. De outro, há certa insatisfação diante de gestos como o do ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (que se encontrou com Lula na semana passada e, depois disso, deu entrevistas elogiando a possível chapa do petista com Alckmin) e de Arthur Virgílio, cotado para o posto de chanceler de um eventual governo Lula. Um auxiliar próximo de Doria lembra que o governador tem ambos na sua lista de aliados dentro do partido – Virgílio chegou a emitir uma nota se dizendo “honrado” com a menção, mas que tinha compromisso com o partido.
Esse mesmo auxiliar afirma ser “natural” Lula buscar tanto os tucanos à esquerda do partido quanto nomes mais antigos da legenda, mas argumenta que “conversar não é se associar”, dizendo que eles estarão com Doria no momento da eleição.
Há, porém, o caso de Fernando Henrique Cardoso, figura histórica mais importante do PSDB, com quem Lula também tem conversado (há rumores de um novo encontro nos próximos dias). A equipe de Doria se fia em declarações explicitas de apoio que o ex-presidente (entre 1995 e 2002) já deu ao atual governador de São Paulo, mas observa essa aproximação de longe.
Por ora, a ordem no Palácio dos Bandeirantes é manter o foco das agendas públicas na gestão do governo de São Paulo e deixar as movimentações para se aproximar publicamente de aliados apenas para abril, quando Doria terá de renunciar ao mandato para disputar as eleições.