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Por José Benedito da Silva
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Anúncio de plano expõe mal-estar no governo e tem recado para a Economia

Ausência de Paulo Guedes é indicação de divisão na equipe de Bolsonaro sobre investimentos; Braga Netto e Tarcísio de Freitas lideram nova visão do governo

Por Roberta Paduan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 abr 2020, 14h16 - Publicado em 23 abr 2020, 10h32

A primeira entrevista coletiva do ministro da Saúde, Nelson Teich, foi usada menos para falar de Covid-19 e mais para falar do programa de resgate econômico do país no pós-pandemia, o Pró-Brasil, anunciado hoje pelo ministro da Casa Civil, o general Braga Netto. O episódio, como um todo, deixou claro que há – se não um racha – um estranhamento entre a pasta da Economia, comandada por Paulo Guedes, e o chefe da Casa Civil. Braga Netto, aliás, parece ter assumido o papel que lhe cabe: o de coordenador dos vários ministérios.

A ausência de Guedes não seria percebida, se o ministro tivesse sido substituído por algum de seus secretários, o que não aconteceu. Detalhe: quem convoca os participantes para as coletivas do ministério da Saúde é Braga Netto.  O ponto do Pró-Brasil que se tornou o fruto da discórdia dentro do governo é a parcela de investimento público que deve ir para obras do programa de retomada econômica.

A avaliação de parte do governo, incluindo o coordenador do programa, Braga Netto, é que os investimentos do setor privado não chegarão na velocidade necessária para reativar a economia, quando a pandemia arrefecer. Guedes, aparentemente, não vem se opondo ao Pró-Brasil, mas seus auxiliares, sim.

Um dos secretários da equipe econômica passou a chamar, reservadamente, Braga Netto e o ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, de “keynesianos”, referindo-se pejorativamente ao economista inglês John Maynard Keynes, como se ele defendesse intervenções estatais na economia (segundo especialistas na obra do teórico britânico, porém, a visão é distorcida, pois ele não defendia o intervencionismo estatal, mas sim um papel de indutor do crescimento em momentos de crise).

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Teorias econômicas à parte, quem prestou atenção à fala do ministro de Infraestrutura durante a coletiva, percebeu o recado endereçado ao mercado financeiro e aos colegas da Economia. “Não vamos dar nenhuma pirueta fiscal, nenhuma cambalhota. Tudo vai ser feito com muita responsabilidade, dentro da linha de controle de gastos, da linha de solvência, que tem marcado a gestão”, afirmou Freitas.

O ministro referia-se ao plano de investimentos públicos, estimados em 30 bilhões de reais, que devem ser executados até o final de 2022, de acordo com o Pró-Brasil. Antes da crise do novo coronavírus, o orçamento do ministério previsto para o mesmo período era de 18 bilhões de reais, ou seja, cerca de 6 bilhões por ano. Ao valor inicial, devem ser adicionados 12 bilhões de reais (4 bilhões a mais por ano, portanto).

De acordo com a apresentação de Freitas, a pasta da Infraestrutura não paralisou o que ele chamou de “vigoroso programa de concessões”, que fechará 2022 com 250 bilhões de reais em contratos de concessão (valor que será investido pelo setor privado ao longo dos contratos).

Antes de apresentar as cifras, Freitas ressaltou que “o esforço financeiro realizado pelo governo no combate ao coronavírus só foi possível porque o dever de casa foi feito”. Segundo ele, a desalavancagem de bancos públicos, o controle de gastos, que permitiu a redução de juros, e a aprovação da reforma da Previdência, foram fundamentais para que o governo tivesse condições de enfrentar os efeitos da pandemia sobre a economia — referindo-se ao socorro a estados e municípios e o pagamento de 600 reais por mês aos trabalhadores que perderam a fonte de renda.

Por enquanto, tudo ainda está no papel. A próxima reunião para o detalhamento do Pró-Brasil foi marcada para amanhã, sexta-feira 24. É preciso acompanhar o novo plano com lupa. Como se sabe, do papel à realidade muita coisa costuma ser modificada e transfigurada.

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