Agente da PF morto na Bahia integrava força de elite impulsionada por Dino
Lucas Caribé Monteiro participava da Ficco, um grupo especial de combate a facções criminosas, quando foi morto a tiros em Salvador
O policial federal Lucas Caribé Monteiro, morto em confronto com um grupo criminoso na manhã desta sexta-feira, 15, em Salvador, integrava um dos projetos nos quais o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, mais tem apostado para combater as facções criminosas no país. Ele era membro da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), um organismo que tem a Polícia Federal como esteio, mas que reúne, dependendo da operação envolvida, outros órgãos, como as polícias estaduais e a Polícia Rodoviária Federal.
O grupo começou a atuar no dia 11 de agosto na Bahia após a escalada da criminalidade no estado, que está no topo do ranking nas principais estatísticas de violência no país, como homicídios (segundo pior no Brasil) e letalidade policial (o pior). Na época, foi anunciado que a Ficco “intensificaria o enfrentamento às organizações criminosas, envolvidas com homicídios, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, roubos e furtos, além de focar na descapitalização financeira desses grupos”.
Em agosto deste ano, Dino e o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, assinaram uma portaria na qual determinaram a expansão dos Ficcos, com um aporte de mais de 100 milhões de reais. A medida, anunciada em encontro com secretários estaduais de segurança, visava, segundo o ministro, combater os dois principais problemas de segurança do país: o aumento dos assassinatos e o crescimento das facções criminosas. “Primeiro é como lidar com mortes violentas intencionais, que ampliam a sensação de descontrole. Outro ponto de atenção é esse hierpoder das facções. Enquanto não conseguimos enfrentar, nosso esforço fica dificultado e, por isso, temos posicionado a Polícia Federal para auxiliar nesse combate, sobretudo na asfixia financeira dessas organizações”, disse Dino.
Desde então, a Ficco tem atuado no enfrentamento do crime organizado em vários estados, em parceria com as polícias locais. Caribé Monteiro, no entanto, foi o primeiro policial a morrer nesse tipo de operação. Caribé Monteiro e outros dois agentes – um da PF e um da Polícia Civil – foram baleados por criminosos durante uma intervenção no bairro de Valéria. No confronto, também morreram quatro homens suspeitos de integrar a organização criminosa.
Em nota, a direção-geral da PF lamentou com “profundo pesar” a morte do agente. Flávio Dino também manifestou solidariedade aos policiais atingidos por tiros. Entidades de classe, como a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) também lamentaram a morte.
Carreira
Lucas Caribé tinha 42 anos, era casado e não tinha filhos. Ele ingressou na Polícia Federal em 2013, na Superintendência Regional do Pará, sendo inicialmente lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas. Depois, foi para a Delegacia de Repressão a Entorpecentes. Passou a integrar, em 2019, a Superintendência Regional da Bahia e estava no quadro de policiais do GPI (Grupo de Pronta Intervenção), que é uma unidade de elite da PF.