A ‘meia-volta’ de Romeu Zema em meio ao cerco a Bolsonaro
Interlocutores do governador avaliam que ele cometeu erros no início do ano, quando falou muito sobre temas nacionais e se expôs mais do que deveria
Apontado como um dos possíveis herdeiros do capital político de Jair Bolsonaro, que foi declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), está recalculando a rota. Em meio às investigações envolvendo o antigo aliado, o político mineiro decidiu tirar o pé das discussões nacionais e focar no estado — pelo menos por ora.
Interlocutores de Zema avaliam que ele cometeu erros no início do ano, viajou muito e se expôs mais que deveria. Foi sugerido que ele volte a opinar sobre assuntos de repercussão nacional só em 2025, mais próximo das eleições. “O governador se expôs em alguns temas e entrevistas que não fizeram bem. Pelo menos até 2025 a gente tem que estar focado em Minas Gerais”, diz uma pessoa próxima.
Um dos comentários desastrados de Zema foi feito em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, quando defendeu a criação de uma frente Sul-Sudeste contra os estados do Nordeste, que comparou a “vaquinhas que produzem pouco”.
Apesar de negar pretensões de se candidatar à Presidência da República, o governador de Minas é um dos principais nomes citados pela direita para a disputa, ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Como mostrou reportagem de VEJA desta semana, herdeiros políticos de Bolsonaro enfrentam um dilema — precisam se equilibrar entre o temor do desgaste e a cobiça pelo eleitorado do ex-presidente, enfraquecido por investigações.
No fim de agosto, Zema participou de um evento de concessão de título de cidadão mineiro a Bolsonaro na Assembleia local — que havia sido aprovado em 2019 —, onde disse que as portas dos ministérios do antigo governo “estiveram sempre abertas” e que o ex-presidente pode contar com Minas. O governador, porém, nada falou e nada postou sobre o encontro em suas redes sociais.