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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Se concorrer e ganhar, Lula dificilmente fará um bom governo

Se quiser conquistar os mercados, cometerá estelionato eleitoral e perderá popularidade. Se mantiver a linha populista, terá dificuldades de governar

Por Maílson da Nóbrega 31 dez 2017, 08h32
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  • Imagine o leitor que Lula supere os obstáculos judiciais à preservação de sua candidatura à Presidência. Suponha, adicionalmente, que o centro político se fragmente a ponto de nenhum de seus candidatos chegar ao segundo turno. O cenário provável seria uma disputa final entre Lula e Jair Bolsonaro, na qual Lula venceria.  Combinaria maior capacidade de conquista de votos com as muitas desvantagens eleitorais de Bolsonaro.

    Eleito, Lula não contaria com quatro fatores de êxito de seu primeiro mandato, a saber:

    1)    O efeito retardado das reformas do governo FHC, cujos ganhos de produtividade permitiram a ampliação do potencial de crescimento da economia;

    2)    A bonança decorrente da emergência da China como potência econômica, que a transformou no maior parceiro comercial do Brasil;

    3)    O ciclo favorável de preços das commodities, que gerou ganhos de comércio para o Brasil, equivalentes a um expressivo ganho de produtividade;

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    4)    O recrutamento de nomes de prestígio para a equipe ministerial, além de conhecidos talentos para servir em várias posições da área econômica.

    Além disso, Lula assumiria com a economia em lenta recuperação. O governo de Michel Temer reverteu a grave recessão, mas muito ainda é necessário para restaurar o ambiente de 2003, gerador do espaço para ampliar gastos sociais.

    Lula voltou aos tempos do radicalismo. Promete um plebiscito para revogar a reforma trabalhista, o teto de gastos e a reforma previdenciária, caso venha a ser aprovada;

    Os mercados se assustariam na campanha. A piora do ambiente provocaria fuga de capitais, alta do dólar, elevação dos juros futuros e fortes pressões inflacionárias. Lula poderia prometer algo como a Carta ao Povo Brasileiro de 2002, mas agora dificilmente teria credibilidade para conquistar o apoio do empresariado e dos mercados. Poderia até reverter parte da desconfiança, mas nada comparável ao que ocorreu naquele período.

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    Para ganhar confiança, Lula poderia comprometer-se em manter as reformas de Temer e em aprofundar as mudanças estruturais, numa linha liberal. Seria um estelionato eleitoral semelhante ao praticado por Dilma quando adotou medidas opostas às prometidas durante a campanha eleitoral. A rápida perda de popularidade dificultaria a condução do governo.

    Em lugar disso, Lula poderia insistir na revogação das reformas e ampliaria os gastos do governo para conquistar apoio social. Seria o caminho para o desastre.

    Lula não terá vida fácil. O país enfrentará grave crise caso ele, se eleito, aderir a um programa de cunho liberal ou preservar o populismo que tem adotado recentemente.

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