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Maílson da Nóbrega Por Coluna Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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O desafio do PT: mudar ou encolher

Para o partido e para o Brasil, a melhor saída é a modernização

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 28 set 2017, 11h21 - Publicado em 28 set 2017, 11h19
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  • O PT vive a maior crise de sua história. Depois do auge no primeiro governo Lula, o partido protagonizou o maior escândalo de corrupção da história. Seus principais líderes, inclusive o maior deles – Lula – foram condenados por crimes comuns.

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    O depoimento do ex-ministro Antônio Palocci ao juiz Sergio Moro, em que descreveu os crimes de Lula, foi devastador. Não bastasse isso, a carta em que Palocci pediu a desfiliação do partido equivale a um forte coice depois da queda provocada por suas revelações a Moro.

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    Palocci sugere que o PT busque “um processo de leniência na Lava Jato”. Leniência equivale, para pessoas jurídicas, à delação premiada de indivíduos que cometeram crimes e buscam, com a colaboração, reduzir as penas a que poderão ser condenados.

    Com a leniência, o partido se desnudaria perante a sociedade, confessando seus erros, dos quais se arrependeria. O objetivo seria recuperar o prestígio de que desfrutou no passado. Poderia ainda trazer de volta a admiração que lhe era devotada no exterior.

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    Na verdade, o PT precisa fazer o seu aggiornamento, um termo italiano que, segundo a Wikipedia, significa “atualização”. A palavra simbolizou o objetivo do Concílio Vaticano II convocado pelo para João XXII em 1962 para modernizar a Igreja Católica. Desde então, tem sido utilizada para significar mudanças de rumos de partidos políticos.

    No pós-guerra, vários partidos de esquerda europeus se reformaram para conquistar um eleitorado crescentemente de centro. Os casos mais conhecidos são os do Partido Comunista Alemão, que se transformou no Partido Social-Democrata; do Partido Socialista Operário Espanhol, que adotou plataforma moderada; e do Partido Comunista Italiano, que foi sucedido pelo Partido Democrata de Esquerda e depois passou a chamar-se Democratas de Esquerda.

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    O Partido Comunista Francês não realizou seu aggiornamento. Logo após a II Guerra, era uma das duas maiores forças eleitorais e quase ganhou as eleições de 1946. O PCF, ao contrário dos exemplos acima, manteve-se fiel ao estalinismo. Apoiou a invasão da Hungria e da Tchecoslováquia por tropas soviéticas.

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    Enquanto os partidos de esquerda conquistavam o poder na Europa após se reformarem, o PCF viveu longo declínio. Depois de possuir quase a metade das cadeiras na Assembleia Nacional, o parlamento francês, tornou-se uma agremiação irrelevante no cenário político. Nas eleições de junho último, obteve apenas 10 cadeiras ou apenas 1,7% do parlamento.

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    Se o PT seguir a linha proposta por Palocci, poderá reerguer-se. Sob novas e mais jovens lideranças, repetiria o sucesso dos partidos de esquerdas europeus que se transformaram. Se não conseguir mudar, seja por despreparo e radicalismo de seus atuais dirigentes, o PT correrá o risco de repetir a experiência mal sucedida do Partido Comunista Francês. Viraria um partido nanico, sem expressão.

    Se não mudar, o PT pode experimentar um humilhante encolhimento. Para o Brasil e para o partido, o melhor será o aggiornamento. O país precisa de um partido de esquerda moderno e responsável, que deixe para trás visões estatistas e que, além da democracia, abrace também a economia de mercado. Como o fizeram seus congêneres europeus.

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