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Tratamento da dor crônica poderá incluir cannabis e psicodélicos

Novos estudos apontam que essas substâncias ajudam a debelar as dores e a depressão que tiram a qualidade de vida dos pacientes

Por André Magalhães*
19 abr 2023, 10h34

Ao menos 37% dos brasileiros sofrem com algum tipo de dor crônica, isto é, aquela que persiste por mais de três meses. Esses dados são de uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED) em 2018, e, na condição de médico especialista em dor, arrisco dizer que os números atuais devem ser ainda maiores após a pandemia.

Nos últimos anos, passamos a compreender a dor crônica como uma patologia, diferentemente da dor aguda esporádica, que pode acometer qualquer pessoa, independentemente de sexo ou idade. E, juntamente com a dor crônica, há outra condição que também costuma acometer os mesmos pacientes, seja como causa, seja como consequência: a depressão.

Considerada uma das condições mais incapacitantes do mundo, a depressão não estranhamente faz parte do dia a dia de uma pessoa que sofre com dores. O sono, o apetite, a prática de exercícios físicos, o humor, a vida social e profissional, tudo isso pode ser afetado por essas duas circunstâncias que se misturam.

Juntas, a dor crônica e a depressão tornam a vida do paciente e o controle dessas doenças bem mais desafiadores.

Pode ser dor lombar, enxaqueca ou até mesmo condições menos frequentes como a neuralgia do trigêmeo, quem sofre com dor crônica costuma passar por diversos médicos, tratamentos e cirurgias com pouco ou nenhum sucesso até chegar ao especialista em dor. Isso tende a atrasar o diagnóstico correto, bem como o tratamento ideal, fazendo com que o paciente passe anos sofrendo.

+ LEIA TAMBÉM: O que a ciência diz sobre a cannabis medicinal?

Na medicina da dor, contamos com diversos recursos para o tratamento das mais diferentes condições , incluindo o uso de diversos fármacos e procedimentos intervencionistas minimamente invasivos, como os bloqueios de nervos e infiltrações de medicamentos.

Aliás, por falar em fármacos, há uma classe em especial que, quando bem indicada e sob acompanhamento médico rigoroso e contínuo, pode contribuir para a melhora na qualidade de vida dos pacientes, principalmente aqueles em tratamento contra o câncer ou com grandes danos estruturais no corpo, caso de artroses graves. Me refiro aos opioides.

No entanto, é preciso alertar que o uso crônico de opioides tem indicações precisas e não se aplica a todos os pacientes e nem a todos os tipos de dor. Fora isso, a utilização indiscriminada pode levar ao vício: a epidemia de opioides é hoje um problema de saúde pública nos Estados Unidos e já temos acompanhado o fenômeno em menor escala no Brasil.

Novos estudos, contudo, têm demonstrado que o uso da cannabis medicinal e de alguns psicodélicos, como a psilocibina e a cetamina, podem ser de grande ajuda no combate tanto à dor crônica como à depressão. Além de apresentar um bom perfil de eficácia e segurança, eles costumam ter menos efeitos colaterais do que classes como os opioides.

Uma pesquisa recém-publicada em um importante periódico científico da nossa área mostrou que pacientes com dor crônica que receberam cannabis reduziram a ingestão diária de opioides em até 67%!

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Cabe ressaltar que ainda precisamos de mais estudos para entendermos melhor os mecanismos de ação dessas substâncias, bem como seus reais benefícios e efeitos no longo prazo. Também há toda uma questão de desmistificação, quebra de preconceitos e regulamentação envolvendo a cannabis e os psicodélicos.

Mas são alternativas promissoras para melhorar o tratamento de milhares de pessoas que têm sua saúde física e mental comprometida pela dor crônica e a depressão e não respondem tão bem às abordagens convencionais.

Se você enfrenta ou conhece alguém que enfrenta essa batalha atualmente, meu conselho é: não desista! Procure auxílio médico especializado e tire proveito das terapias realmente baseadas em evidência científica.

* André Magalhães é médico anestesista e especialista em dor, membro da Associação Internacional para o Estudo da Dor e criador do canal digital Explicando Dor

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