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Parto normal ou cesárea? Dois nascimentos no feriado de Carnaval

Tive um Carnaval diferente este ano, minha família viajou e eu fiquei para aguardar a chegada de dois bebês programados para nascer no feriado...

Por Marianne Pinotti
Atualizado em 21 fev 2018, 12h18 - Publicado em 19 fev 2018, 12h16
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  • Tive um feriado de Carnaval diferente este ano, minha família toda viajou e eu fiquei para aguardar a chegada de dois bebês programados para nascer por estes dias, e não falharam! Ambos nasceram muito bem, e este tem que ser nosso objetivo principal, na horinha que a natureza determinou, um deles por via vaginal e outro por cesária. Só alegria e comemoração da vida!!

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    A cesárea, se corretamente indicada, é operação salvadora, tanto da vida da mamãe como a do bebê. A experiência mostra que 15% a 25% dos partos precisam terminar por via abdominal, e desde a década de 80 do século passado há uma preocupação mundial com o “abuso” de indicação de cesáreas no mundo. Na maioria dos Países desenvolvidos, e mesmo nos em desenvolvimento, em que a medicina tem organização razoável, as taxas ficam nestes limites. O Brasil constitui exceção estranha e ao mesmo tempo dramática. Segundo a Organização Mundial da Saúde, seu percentual é o maior do mundo: está entre de 50% a 60%, mais do que o dobro do nível considerado compatível com boa assistência obstétrica.

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    Cesariana

    Cesarianas realizadas sem indicação correta, além de não trazerem benefícios nem para o recém-nascido nem para a mãe, envolvem riscos adicionais significativos para ambos. Qualquer cirurgia pode ter complicações anestésicas e acidentes operatórios hemorrágicos ou infecciosos. Além disso, sua cicatriz no útero cria problemas adicionais para a gravidez seguinte, como aumento de incidência de localizações anômalas da placenta, hemorragias e outras eventuais dificuldades. No parto natural a criança segue um trajeto necessário e importante para o restabelecimento de modificações circulatórias e respiratórias, a fim de torná-lo um recém nascido com respiração autônoma. A compressão do pulmão no canal do parto esvaziando-o de seu conteúdo líquido, e a transferência de sangue placentário, através da contração e retração do útero, são alguns dos mecanismos fisiológicos que ocorrem no parto normal, mas não na cesariana, fazendo com que esta cause agressão adicional ao recém-nascido.

    Quando se realiza operação cesariana com indicação correta, vantagens superam riscos, e temos saldo positivo para a saúde do recém-nascido e da mãe. Quando, entretanto, se realiza parto abdominal sem necessidade, permanecem os riscos à saúde e à vida de ambos e não se obtém nenhuma vantagem. Inúmeros são os fatores que nos trouxeram a esta situação, cito entre eles a conveniência para médico e paciente de ter o nascimento com hora marcada, e duração de não mais do que 2 horas, desejo de ligar as trompas durante a cesária (cerca de 70% das ligaduras tubárias são realizadas durante cesárias), medo da dor e desconforto de um parto via vaginal, entre outros. Além de todos os agravos para a saúde das mães e bebês esta epidemia de cesáreas ainda causa um problema econômico relevante, um estudo de epidemias de cesáreas no Brasil, patrocinado pelo Banco Mundial, demonstrou que, para cada 1% a mais no número de cesáreas realizadas desnecessariamente, por ano, há gasto adicional com mães de 2 milhões de dólares e com recém-nascidos de outro tanto, dada a grande incidência de problemas respiratórios entre recém-nascidos de parto cesarianos decorrentes de sua imaturidade.

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    O parto normal

    Por outro lado precisamos evitar que modismos e informações equivocadas nos induzam a erros imperdoáveis no século XXI, o exagero para o outro lado também é igualmente perigoso, quando a insistência em prosseguir num trabalho de parto difícil, aonde seriam necessárias manobras arriscadas, prolongamento excessivo do tempo de parto, ou quando existe sugestão de parto domiciliar, quando sabemos que um dos maiores avanços da obstetrícia moderna foi o parto hospitalar.

    Creio que este cenário vem mudando no Brasil, e isso passa pela consciência das mães e pais sobre as vantagens de um parto normal o que vem forçando as instituições de saúde tanto públicas quanto privadas a se adaptar para a realização de mais partos normais.

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    Nunca podemos esquecer que nós obstetras, mamães e papais somos os responsáveis por acompanhar o maior milagre da vida que é o nascimento, lembrando sempre que NADA deve ser mais importante do que o bem estar da Mãe e do bebê!

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    Dra. Marianne Pinotti

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