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O que você quer ser quando crescer?

A pergunta começa a nos rondar desde a infância e, mesmo depois da vida adulta, muitos ainda continuam se perguntar a mesma coisa

Por Mauro Fisberg
Atualizado em 18 nov 2019, 11h55 - Publicado em 18 nov 2019, 11h39
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  • Quando crianças, ou mesmo na adolescência, esta é uma das perguntas mais frequentes por parte dos familiares, redações escolares, e mesmo do pediatra. Que pergunta mais complicada e difícil de responder. Qual é o fator que define nossos interesses? A herança familiar? Um ídolo da televisão ou do YouTube? Um post do Instagram? Uma notícia?

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    Muitas vezes nossos pais nos colocam já várias opções de atividades que podem nos despertar algum tipo de interesse e podem ou não ter algum tipo de sucesso no futuro. Fazemos escolinhas de esporte, aprendemos natação, jogamos futebol, temos aulas de diferentes instrumentos musicais, aulas de religião ou reforços de ensino. Alguns pais levam seus filhos a jogos esportivos, concertos, festivais, shows de música ou de personagens. Será que isto determina a nossa escolha profissional ou o que queremos fazer como passatempo, hobby ou modo de vida? Se eu começar a brincar com minhas telas eletrônicas precocemente serei um futuro gênio de informática ou um milionário em uma nova startup

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    O desejo dos pais

    Quase nunca ocorre assim, mas o modelo familiar pode gerar normas de direcionamento futuro. Assim, se Mozart não tivesse nascido em uma família de músicos, teria começado a compor aos 4 anos de idade? Fiquei pensando muito nisso quando esta semana fui a um concerto de música clássica e vibrava com o pianista que acompanhou a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Cristian Budu, extremamente jovem e já ganhador de dezenas de prêmios internacionais. 

    O futuro Nelson Freire (nas palavras do renomado pianista brasileiro) provavelmente não teria este impacto se não tivesse tido aulas precocemente, levado por sua família. Com aptidão ou não, se não temos chances, dificilmente somos levados a algo diferente. 

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    Nossos pais na medida do possível tentam nos dar chances. A insistência pode levar a persistência mesmo na dificuldade de seguir. Mas como também podemos separar da insistência forçada quando a criança claramente odeia a atividade? 

    Será que notas altas garantem o sucesso? Será que o esforço determina o futuro? Nem sempre… Eu mesmo fui levado por meus pais para inúmeras aulas de diferentes instrumentos musicais. Mas eles nunca poderiam entender que apesar do meu esforço, minha coordenação motora não conseguia determinar que uma mão faz uma coisa ao mesmo tempo que a outra mão fazia algo diferente… Infelizmente hoje eu sou apenas um apaixonado ouvinte de músicas de todos os tipos, mas só consigo tocar os botões de algum aplicativo de música, rádios e qualquer tipo de lugar que toque minhas músicas favoritas.

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    Teste vocacional

    Como escolhemos profissões? Como podemos já determinar que devemos separar o tipo de estudo quando ainda nem temos 14 anos? Muitas alternativas apareceram ao longo do tempo. Ser aprendiz de algo? Trabalhar com o negócio da família? Ser estagiário? Fazer trabalhos voluntários? Observar o trabalho de alguém da família ou mesmo indicado por ela? Muitos anos atrás tínhamos a possibilidade de fazer uma coisa chamada Teste Vocacional, em que éramos submetidos a testes psicométricos (aplicados por um psicólogo ou psicopedagogo) que direcionavam para um ou outro grupo de interesses. Eu só me lembro que aos 9 anos quando fiz o meu, direcionei para toda a área de relacionamentos humanos, e acabei fazendo medicina. Mas o fato de vocês estarem me lendo hoje significa que talvez o teste não estivesse tão errado…

    Uma difícil escolha

    Voltando, portanto, ao tema original, hoje temos as chamadas feiras escolares, em que pais conhecem diferentes tipos de escolas, que seguramente vão determinar rumos para áreas específicas. Mais ou menos disciplina, mais ou menos criatividade, mais ou menos espaço… 

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    Mais tarde, temos as feiras das universidades, em que diferentes cursos são apresentados por grupos e mesmo por professores. Os guias de profissão ainda são best-sellers em todo o mundo. Eu li e reli vários e depois até ajudei a escrever algo na minha profissão. Mas acho que o mais interessante de todos os apoios é quando podemos conversar com alguém que expõe vantagens e desvantagens de uma determinada escolha. Lembrando que em uma mesma profissão existem dezenas ou centenas de especializações ou campos, que podem acabar atraindo de alguma forma quem não se adaptou a uma escolha inicial. 

    Mas partindo do início outra vez, se não formos modelos de comportamentos, não expusermos nossos filhos a algum tipo de atividade, dificilmente a escolha deles será nessa área.  E isso pode dizer por que alguns vão ser músicos famosos ou esforçados e outros só irão se deleitar em ouvi-los, com pena de não terem insistido quando seus pais o fizeram ter aulas de piano ou violino. E se talvez eu não tenha sido o diplomata que eu sempre quis ser, hoje sou um pediatra um pouco mais holístico, em que o ambiente conta mais que a clínica pura. 

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    Participei recentemente de um encontro do Mercosul de líderes da juventude. Milhares de jovens de diferentes países em um encontro de perspectivas para o futuro. Animador, excitante e que me fez refletir muito quando respondendo perguntas do animador, a maior parte das respostas sobre o que os jovens esperavam para o futuro se resumia a uma frase: “Não deixem de seguir seus sonhos”.

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    Que para todos os futuros jovens do país, que estes sonhos não se transformem em pesadelos… Mas sempre é tempo para mudar.

     

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