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“Doutor, eu tenho vitiligo?”

O vitiligo é uma doença despigmentante que surge, geralmente, aos 20 anos de idade. Não há cura, mas existem vários tratamentos disponíveis

Por Adilson Costa
Atualizado em 17 ago 2017, 12h01 - Publicado em 17 ago 2017, 12h00
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    Certamente, essa pergunta é motivo de paúra para grande parte da população mundial. Contudo, a resposta positiva por parte do dermatologista é ainda mais assustadora… Mas, o que é o vitiligo?

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    Atingindo 0,5% a 2% da população mundial, com 30% de histórico familiar (isto é, de ocorrência em mais de um membro da família), o vitiligo é uma doença despigmentante que surge, geralmente, ao redor dos 20 anos de idade, sem predileção étnica, com discreta tendência de predomínio entre mulheres, mas que não se confirmou como absoluta, ainda. Ele é representado por manchas embranquecidas, leitosas, que se dispõem de forma segmentar e, na imensa maioria das vezes, simétrica pelo corpo. Não raro, surge após trauma local (fenômeno de Köebner).

    Mesmo sendo de causa ainda desconhecida, não é raro ver sua associação com doenças autoimunes, principalmente as da tireoide, razão pela qual esse órgão é frequentemente examinado para tratar a causa específica no caso desse vitiligo secundário. Acredita-se, portanto, que ele pode ter uma regência genética e não genética para o seu surgimento, mas que, ao fim, levam à destruição dos melanócitos (célula produtora de melanina, responsável pela pigmentação da pele).

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    O que desencadeia o vitiligo?

    Várias teorias surgiram no intuito de se estabelecer o mecanismo exato pelo qual os melanócitos são destruídos, a saber: produção de autoanticorpos direcionados ao melanócito; mecanismos de autodestruição direta do melanócito, no qual ele se “suicidaria”; defeitos próprios do melanócito, como se alguns viessem com “defeito de fábrica”; desequilíbrio entre oxidação e antioxidação na síntese da melanina, levando ao surgimento de metabólito intermediário tóxico para o melanócito; formação de mediador neuroquímico que destroi o melanócito ou inibe a síntese de melanina.

    O que temos certeza é que, sabendo o mecanismo exato pelo qual o melanócito é destruído, mais fácil é a descoberta da cura do vitiligo. Porém, isso ainda se mantém como um grande dilema. O que sabemos é que, ao menor sinal de uma mancha suspeita de vitiligo, faz-se mandatória a procura de um dermatologista, a fim de estabelecer se se trata de um vitiligo secundário a alguma doença sistêmica autoimune ou se é de causa local, sem doença de base desencadeante.

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    Tratando o vitiligo

    Mesmo ainda representando uma das doenças de pele que mais desafiam o dermatologista, no intuito de se obter êxito clínico, quanto mais rápido início da terapia indicada pelo dermatologista, melhor! Nesse sentido, os tratamentos podem ser divididos em duas formas: os não cirúrgicos e os cirúrgicos.

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    Entre os não cirúrgicos, sem dúvida alguma, os medicamentos tópicos são a primeira escolha. Entre eles, temos o corticoide (principalmente a betametasona), os inibidores da calcineurina (tacrolimus e pimecrolimus) e os análogos da vitamina D (como o calcipotriol). Do ponto de vista sistêmico, pode-se empregar o uso de corticoides, mas esse é raramente empregado devido aos riscos de eventos adversos no uso prolongado.

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    Contudo, não só medicamentos enquadram-se na categoria não cirúrgica; temos, também, o emprego da fototerapia (banhos medicinais de radiação UVA ou UVB), o laser (excimer laser) e a despigmentação de áreas remanescentes de pele sã com fenol ou hidroquinona em altas concentrações (o emprego dessas duas substâncias é indicado para paciente com vitiligo universal, no qual poucas áreas de pele são se mantém poupadas).

    Entre os tratamentos cirúrgicos, indicados para pacientes com vitiligo localizado à pequena área, em áreas com dificuldade de repigmentação com os tratamentos habituais (por exemplo, região dorsal dos dedos, tornozelos e fronte) e que esteja clinicamente “estacionado”, isto é, sem surgimento de lesões novas por 2 anos ou que apresente ilhotas de repigmentação espontânea.

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    Nessa situação, pode-se utilizar uma ou mais das técnicas a seguir: suspensão de melanócitos do próprio paciente (obtido de fragmento de pele retirada de área doadora), enxertos dermoepidérmicos (geralmente, obtidos atrás da orelha) enxerto epidérmico exclusivo (obtido por sucção de pele, na qual se forma uma bolha que é transplantada para a região a ser tratada) ou cultura cultura de melanócitos obtidos do paciente e mantidos em laboratório para sua proliferação antes da data do procedimento definitivo.

    O que a ciência promete para o tratamento do vitiligo?

    Há algo novo vindo no campo do tratamento do vitiligo? Sim, há! Trata-se da afamelanotide, substância análoga do hormônio estimulador do melanócito-alfa (alpha-MSH, da sigla em Inglês alpha-melanocyte-stimulating hormone). Essa substância liga-se ao receptor de melacortina-1, estimulando a proliferação de melanócitos e a produção de melanina. Tal substância será empregada como um implante subcutâneo, sendo liberada gradualmente, devendo ser empregada juntamente com a fototerapia.

    Em um paciente de 55 anos de idade que participou do estudo clínico da afamalanotide associada à fototerapia UVB, o resultado clínico da pigmentação do vitiligo facial e de extremidades foi mais rápida que o uso isolado do UVB. Claro, como todo medicamento, a afamelanotide não é isenta de efeitos colaterais: náuseas, dor abdominal e pigmentação de áreas de pele normal podem ser observadas.

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    Mesmo com um estigma estético importante e com uma dificuldade terapêutica ainda certa, o paciente portador de vitiligo não deve desistir de buscar ajuda do dermatologista, mantendo em mente um mantra: quanto antes, melhor! Fica a dica.

    Até o próximo mês!

     

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    Quem faz Letra de Médico

    Adilson Costa, dermatologista
    Adriana Vilarinho, dermatologista
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    Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
    Antônio Frasson, mastologista
    Artur Timerman, infectologista
    Arthur Cukiert, neurologista
    Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
    Bernardo Garicochea, oncologista
    Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
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    David Uip, infectologista
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    Sergio Podgaec, ginecologista
    Sergio Simon, oncologista

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