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A saúde que queremos e que o Brasil precisa

Embora seja uma conquista da sociedade brasileira, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda tem muitos problemas

Por David Uip
Atualizado em 25 set 2018, 20h36 - Publicado em 25 set 2018, 17h13
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  • O Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1988, é uma conquista da sociedade brasileira. Um dos maiores programas de inclusão de todo o mundo objetiva a regulamentação, a monitorização e a avaliação do sistema nacional de saúde, seja do setor público ou do privado. Por definição, o SUS é público e não estatal. Após 30 anos, a despeito de grandes avanços na atenção primária, na secundária, na assistência de média e alta complexidade, o sistema de saúde do Brasil precisa ser ainda mais integrado e democratizado.

    Os números anuais do SUS são grandiosos: 4,5 bilhões de procedimentos ambulatoriais; 1,5 bilhão de consultas; 11,6 milhões de internações e um orçamento de 131 bilhões de reais. Embora seja um orçamento expressivo, o financiamento federal é insuficiente e mal distribuído, onerando cada vez mais os estados e municípios. 

    Adicionalmente, há de se entender que a condição de saúde de uma população não é decorrência apenas das ações e serviços de saúde, mas de um conjunto de fatores gerais, como condições sócio-econômicas, culturais, ambientais, de trabalho, educacionais e as individuais – idade, sexo, hereditariedade.

    O Sistema Nacional de Saúde inclui o SUS e a Saúde Suplementar. O primeiro responsável pela assistência e ações de saúde coletiva – vigilância sanitária, imunização, combate de vetores, controle de epidemias e endemias, e o segundo gera a assistência médica complementar a mais de 47 milhões de brasileiros.

    Desafios da saúde

    O envelhecimento da população brasileira é inconteste. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade mediana da população deve saltar de 20 para 40 anos de 1980 a 2030. Em 1991, a população com mais de 60 anos era de 7,7%; em 2018 estima-se em 14,4%. Outro desafio a ser enfrentado é o da logística, em um país onde 80% dos municípios têm menos de 30.000 habitantes e 56,5% da população vive em 310 cidades com mais de 100.000 habitantes. É importante que se tenha um modelo de saúde que atenda a todos, obedecendo os princípios fundamentais do SUS.

    O SUS e a Saúde Suplementar apresentam formas de gestão inadequadas e desinformadas e governança disfuncional. Necessitam ser reavaliados e integrados e devem atentar para o novo perfil epidemiológico da sociedade caracterizado pelo aumento das doenças crônico-degenerativas, cardiovasculares, câncer, obesidade, diabetes, doenças mentais e acidentes de trânsito.

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    Um dos maiores problemas dos sistemas, em um país de desigualdades, é a falta de acesso aos serviços e as definições incorretas de referência e contra-referência. A atenção primária deve ser abrangente e resolutiva, conectada ao atendimento secundário, através dos ambulatórios de especialidades e, no final da cadeia, os hospitais para o atendimento da média e alta complexidade. Mais de 80% dos pacientes buscam, de forma equivocada, a primeira consulta em pronto-socorros, culminando em sobrecarga do sistema e reclamações dos usuários.

    Melhor gerenciamento

    Os sistemas ainda são penalizados pelo desperdício que pode ser dividido em ativo e passivo. O primeiro representado pela corrupção e o segundo pela ineficiência devida a inadequabilidade administrativa, fraca fiscalização e baixo nível de complianceSegundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os desperdícios correspondem a algo entre 20% e 40% de todos os gastos com saúde.

    A judicialização é um importante e crescente problema da saúde pública e privada no Brasil. Estende-se a disponibilização de medicamentos, insumos e a procedimentos. O seu custo estimado em 2017, envolvendo municípios, estados e Governo Federal foi superior a 7 bilhões de reais. 

    O avanço tecnológico, tanto no diagnóstico, como no tratamento de doenças, tem sido aditivo em termos de custo e não substitutivo, como em outras atividades econômicas. Além da gestão de recursos para a saúde, há que se atuar na gestão assistencial, buscando o melhor resultado ou desfecho clínico. Os incentivos econômicos do setor devem se alinhar a este objetivo.

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    A saúde está inserida na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 196 e seguintes. “Artigo 196 – A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário `as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

    Nenhum sistema universal de saúde do mundo consegue dar tudo a todos e a qualquer tempo. Eis a questão: que saúde queremos, que saúde o Brasil precisa e quem paga a conta.

     

    Letra de Médico - David Uip

     

    Quem faz Letra de Médico

    Adilson Costa, dermatologista
    Adriana Vilarinho, dermatologista
    Ana Claudia Arantes, geriatra
    Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
    Antônio Frasson, mastologista
    Artur Timerman, infectologista
    Arthur Cukiert, neurologista
    Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
    Bernardo Garicochea, oncologista
    Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
    Claudio Lottenberg, oftalmologista
    Daniel Magnoni, nutrólogo
    David Uip, infectologista
    Edson Borges, especialista em reprodução assistida
    Fernando Maluf, oncologista
    Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
    Jardis Volpi, dermatologista
    José Alexandre Crippa, psiquiatra
    Ludhmila Hajjar, intensivista
    Luiz Rohde, psiquiatra
    Luiz Kowalski, oncologista
    Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
    Marianne Pinotti, ginecologista
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    Raul Cutait, cirurgião
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    Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
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    Sergio Podgaec, ginecologista
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