Nasceu grande, com 82 deputados federais, sete senadores, três governadores e 554 prefeitos. Vai estrear na campanha eleitoral do próximo ano com um volume de caixa (R$ 448 milhões) capaz de fazer inveja a nove de cada dez empresas instaladas no país. E sem se preocupar com fluxo de receita, porque é dinheiro público, garantido no Orçamento federal.
União Brasil junta pedaços do Democratas (DEM) e do Partido Social Liberal (PSL). Vai dar visibilidade a algumas correntes políticas de centro-direita divorciadas do extremismo liderado por Jair Bolsonaro, tanto por divergência ideológica quanto por discordância negocial.
A luta interna pelo poder começou intensa. No Rio, por exemplo, prevalece o impasse. O prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, foi confirmado como presidente do novo partido no Estado pelo advogado Antônio de Rueda, vice do PSL.
Resultado: implodiu o acordo feito recentemente pelo presidente do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto, com o núcleo evangélico bolsonarista liderado pelo televangelista Silas Malafaia. “Com o Waguinho, estou na rua no dia seguinte, em outro partido. Não tem conversa com o Waguinho”, advertiu o deputado federal Sóstenes Cavalcante. “Ele assume hoje, amanhã estou fora. [Anthony] Garotinho, Waguinho, essa turma aí, estou fora”, repetia na reunião do DEM que selou a fusão com o PSL, ontem, em Brasília.
É provável em até março quase 40 parlamentares migrem para outros partidos, como o Progressistas, seguindo Bolsonaro.
Em compensação, há quem esteja exalando otimismo com a fusão partidária. É o caso de Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás. Ele enxerga um horizonte promissor para a centro-direita no Brasil. “Nós, agora, vamos decidir a política nacional, e não é só no Congresso Nacional, mas em todos os Estados.” É exagero, claro, mas ontem foi um dia de festa para Caiado. Quatro décadas atrás, era um expoente do radicalismo ruralista do Centro-Oeste.