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Informação e análise
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Lula-III começa com reunião sobre bate-cabeça ministerial

Deve ficar límpida para os ministros a mensagem de que Lula-III só tem um "ombudsman" e um superministro, cujos instrumentos de poder são o verbo e o veto

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 jan 2023, 09h30

Está marcada para amanhã, sexta-feira (6), a primeira reunião de governo.

Motivo da súbita convocação do colegiado: Lula resolveu interromper a coreografia do bate-cabeça ministerial (não confundir com a dança metaleira, “headbanging”, em que cabeças são movimentadas violentamente no ritmo da música.) Aparentemente, ele sentiu vertigens nas primeiras 96 horas de mandato.

Por isso, vai reunir os 37 ministros, todos já empossados. Possivelmente, em torno de uma mesa, embora no PT tenha sido sugerido um auditório, com Lula e o vice Geraldo Alckmin no palco e o ministério na plateia, ao estilo de assembleia sindical.

É provável que só Lula fale. Até porque, escutar todos seria um singular exercício de paciência: com três minutos de fala para cada ministro, passaria uma hora e vinte minutos escutando-os ininterruptamente.

A maioria dos 37 de Lula-III não conhece o chefe. Segue, então, uma breve descrição do modelo de reuniões adotado a a partir de Lula-I. O autor é Frei Betto, um dos mais antigos colaboradores do presidente. Está no livro Calendário do Poder, retrato de quando o mundo de Lula era menos complexo, o ministério era pouco mais enxuto e a maioria parlamentar do governo estava aditivada por uma novidade no Congresso — o mensalão:

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“Numa reunião ministerial reina a mais absoluta disciplina e economia de palavras. Todos sabem que o peixe morre pela boca e ninguém quer ser vítima do próprio discurso. Assim, a maioria dos ministros entra e sai calada.”

“Uns falam porque o presidente os interpela. Outros, porque a pauta exige, mas não se atrevem a ir além do indispensável. Não há clima de companheirismo, exceto da parte do presidente. É o único que ousa pronunciar algo afetuoso ou engraçado. E, quando a oportunidade se oferece, cada ministro procura mostrar o melhor de si…”

Lulistas antigos recomendam aos ministros recém-chegados atenção às eventuais intervenções do chefe da Casa Civil, Rui Costa, sobretudo quando começar a repetir: “Lula é quem decide.”

Em caso de dúvida, sugerem pedir ao ministro da Previdência, Carlos Lupi, uma explanação particular sobre o real significado dessa frase, com base na sua experiência desta semana ao tentar incluir uma nova Reforma da Previdência na agenda legislativa do governo.

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Durante a reunião, deve ficar límpida para os ouvintes a mensagem de que Lula-III tem um único “ombudsman” e só um superministro, cujos instrumentos de poder são o verbo e o veto. Por óbvio, é o presidente.

São improváveis menções à novidade política da “bancada governista paralela”. Ou seja, do grupo de advogados aliados, em mobilização permanente, que ameaçar levar ministros aos tribunais para que atuem de forma coordenada com os supostos desejos de uma ala do governo.

Caso sejam feitas referências à nova forma de pressão extra-governamental, é possível recorrer à experiência do ministro José Múcio, da Defesa, que enfrenta essa situação atípica no caso dos acampamentos bolsonaristas em áreas sob jurisdição militar.

A reunião está marcada para o sexto dia de Lula-III. No PT já há quem veja sinais de “alguma reorganização” na Esplanada dos Ministérios, em breve. O pretexto seria a necessidade de consolidar maioria no novo Congresso, que assume na quinta-feira 2 de fevereiro. Mas, se houver, só aconteceria depois do Carnaval. Pelo calendário das especulações, faltam sete semanas.

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