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Informação e análise
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FMI: inflação de comida e combustível vai impulsionar protestos nas ruas

Pesquisadores do FMI, que acompanham manifestações em 130 países, preveem "aumento do risco" de distúrbios no segundo semestre

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 Maio 2022, 14h28 - Publicado em 23 Maio 2022, 08h00

As pessoas estão voltando a protestar nas ruas, depois de uma pausa forçada pelo ciclo pandêmico.

Em 2019 a agitação social foi elevada no mundo todo, sobretudo nos países da América Latina. Caiu durante a emergência sanitária global, em consequência do distanciamento social.

Retornou. Embora ainda esteja abaixo dos níveis registrados antes da pandemia, existe fermento suficiente nas praças públicas para alavancar a inquietude social no segundo semestre — a combinação de aumentos acentuados de preços de alimentos e de combustíveis.

A constatação é de Philip Barrett, da equipe do Departamento de Pesquisas do Fundo Monetário Internacional (FMI) que se dedica a acompanhar, medir e entender os fatores econômicos e os custos da inquietação social em 130 países.

O Fundo desenvolveu um modelo de monitoramento (Reported Social Unrest Index), a partir da contagem de menções na mídia de palavras associadas a distúrbios nesses países.

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(FMI//VEJA)

Na sexta-feira, Barrett publicou uma atualização do banco de dados do FMI sobre protestos neste ano: “A fração de países com grandes ‘picos’ nesse índice, que normalmente reflete grandes eventos de agitação, subiu para cerca de 3% em fevereiro. Isso está próximo de seus níveis mais altos desde o início da pandemia” — escreve.

Antes da pandemia, a agitação aumentou em todo o mundo. “Talvez o mais proeminente” — ressalta — “tenha sido uma onda de protestos que começou no Chile e varreu partes da América Latina em outubro e novembro de 2019. Agitação significativa também ocorreu na mesma época no Oriente Médio, principalmente na Argélia, Irã, Iraque e Líbano. A agitação diminuiu acentuadamente no início da pandemia. A pesquisa do FMI mostra que isso é consistente com a experiência durante pandemias passadas, mas não quer dizer que a agitação social parou completamente.”

Barrett acrescenta: “Alguns eventos significativos de agitação ocorreram no segundo e terceiro trimestres de 2020, inclusive nos Estados Unidos, que viram grandes protestos contra a justiça racial; Etiópia, à medida que as tensões interétnicas se tornaram mais pronunciadas; e grandes protestos antigovernamentais no Brasil, Líbano e Bielorrússia”.

Os novos dados indicam a retomada da inquietação social de forma disseminada pelo mapa-múndi — dos países onde grandes distúrbios sociais costumam ser raros, como Canadá, Nova Zelândia, Áustria e Holanda, até nações onde é rotina o clamor contra regimes autoritários, oligárquicos e cleptocratas, como Cazaquistão, Chade, Burkina Faso, Tajiquistão e Sudão.

Os pesquisadores do FMI identificam dois fatores relevantes no horizonte, que determinam  “aumento do risco” de distúrbios no segundo semestre.

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Barrett descreve: “Primeiro, à medida que os governos relaxam as restrições e as preocupações do público sobre pegar Covid-19 em multidões diminuem, os desincentivos para protestos relacionados à pandemia podem diminuir. E segundo, a frustração pública com o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis pode aumentar.”

Ele acrescenta: “Embora as causas econômicas da desordem civil sejam complexas e a agitação seja excepcionalmente difícil de prever, aumentos acentuados de preços de alimentos e combustíveis foram associados a protestos mais frequentes no passado. Qualquer aumento da agitação social pode representar um risco para a recuperação da economia global, pois pode ter um impacto duradouro no desempenho econômico”.

No ano passado, a equipe do FMI demonstrou os reflexos econômicos dos protestos de massa. Em geral, consumidores tendem a se retrair diante das incertezas político-sociais com perdas nos setores industrial e de serviços.

“Como resultado, dezoito meses após os eventos mais graves de agitação, o Produto Interno Bruto é, tipicamente, cerca de um ponto percentual menor do que seria”, comenta Barrett. “Embora a agitação social, atualmente, permaneça baixa em relação aos níveis pré-pandemia, o levantamento das restrições da era pandêmica e o contínuo aperto do custo de vida significam que os protestos ainda podem aumentar. E isso pode impor custos econômicos significativos.”

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