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Por José Casado
Informação e análise
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Governo e candidatos se omitem sobre ameaça nuclear na região

Moscou ameaça pôr armas nucleares na Venezuela, na Nicarágua e em Cuba. Washington reage. No Brasil, governo e candidatos se omitem

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Atualizado em 17 jan 2022, 09h21 - Publicado em 16 jan 2022, 13h47

Jogos de guerra dos governos dos Estados Unidos e da Rússia levaram a América Latina para o centro de um embate diplomático sobre a disposição de arsenais nucleares no mapa-múndi.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, acena com a ameaça de invasão da Ucrânia para exigir a retirada dos sistemas de ataque plantados pelos EUA e seus aliados na Otan nas fronteiras do seu país.

A possibilidade de instalação de sistemas de armas nucleares russas na vizinha Venezuela, na Nicarágua e em Cuba, a 150 quilômetros de Miami, virou tema de discussão pública em Moscou e em Washington.

Efeitos colaterais já são evidentes para o Brasil, mas o governo e os candidatos à presidência se mostram alheios à realidade.

Putin fez da defesa da segurança do seu país o argumento para a ofensiva militar na América Latina.

“É uma exigência excessiva não aceitar mais sistemas de ataque próximos da nossa casa? O tem isso de incomum?” — provocou em resposta à repórter Diana Magnay, da Sky News, durante reunião na virada do ano com jornalistas estrangeiros, em Moscou. Ela havia perguntado quais poderia oferecer garantias de que não invadiria a Ucrânia — uma invenção de Vladimir Lênin no tratado de criação da União Soviética, em 1922.

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Prosseguiu: “Como se sentiriam os americanos, se pusessemos nossos mísseis na fronteira entre o Canadá e os EUA, ou na fronteira entre México e EUA? A questão é a segurança, o que nos importa não é o curso das negociações [com os EUA e a Otan], e sim o resultado (…) Já ocorreram cinco ondas expansão [do arsenal] da Otan. Agora há sistemas na Romênia e na Polônia e dizem que na Ucrânia também haverá sistemas [de armas nucleares], pela Otan ou por uma base de acordo bilateral.”

Na quinta-feira, o vice-chanceler russo, Serguei Riabkov, usou a força da ambiguidade ao responder ao canal de televisão RTVI sobre a possibilidade de instalação de armas nucleares na Venezuela, Cuba e Nicarágua: “Não quero confirmar nada, mas tampouco não vou refutar nada.”

Foi o suficiente para, na sequência, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, retrucar em Washington. “Se a Rússia se mover nessa direção [para a América Latina]— disse — “vamos enfrentá-la de forma decidida.”

Sullivan esteve no Palácio do Planalto em agosto do ano passado, na companha de Juan González, assessor especial de Joe Biden.

Eles desenharam para Jair Bolsonaro uma oferta de integração militar do Brasil à Otan, sob o status de “parceiro global”. É sonho antigo da diplomacia e das Forças Armadas brasileiras, mas a conversa desandou a partir do momento em que Bolsonaro disparou absurdos, questionando a legitimidade da eleição de Joe Biden e repisando acusações sem provas de fraudes no sistema de votação brasileiro.

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No clima tenso, Sullivan e González optaram pela diplomacia. Improvisaram citando a estabilidade democrática no Brasil como requisito prévio e essencial para ingresso na Otan. Repetiram isso nos encontros com chefes das Forças Armadas.

Foi um ponto fora da agenda montada para Brasília, cujo foco estava em dois aspectos: a difusão da tecnologia chinesa de 5G no Brasil e os acordos militares da Rússia na América Latina.

Destacaram o crescente fornecimento à Venezuela de modernos sistemas de armas convencionais, que deixam o Brasil vulnerável. Num exemplo, têm potencial de alcance a Brasília, e, pelo inventário oficial das Forças Armadas brasileiras o país não tem capacidade de resposta armada adequada.

Um mês antes, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, fez uma exaltação pública dos “progressos” nas negociações militares com a Venezuela, Nicarágua e Cuba.

Na sexta-feira, o vice-presidente do Comitê de Defesa do parlamento russo, Alexei Zhuravliov, reiterou à agência paraestatal Sputinik a disposição do governo Putin de instalar armas nucleares na Venezuela, Nicarágua e Cuba, como resposta imediata a um eventual avanço da Otan na Ucrânia.

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O simples enunciado dessa possibilidade, como posição de negociação diplomática, muda perspectivas para toda a América Latina. É questão relevante para o Brasil, sob todos os aspectos, e não deveria continuar à margem da agenda dos candidatos à presidência.

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