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Informação e análise
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Bolsonaro insiste em Braga Netto na vice para a “guerra de outubro”

A chapa Bolsonaro-Braga Netto se anuncia com moldura militarista e tendência definida — a do tumulto do processo eleitoral

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 abr 2022, 08h51

Jair Bolsonaro passou a chamar a eleição presidencial de “guerra de outubro”. Fez isso ontem numa recepção a oficiais militares, durante a troca de guarda no Ministério da Defesa.

Bolsonaro retirou do Comando do Exército o general Paulo Sérgio Nogueira. Ele assumiu o ministério no lugar de Walter Braga Netto, general na reserva, responsável por engajamento político da Defesa numa escala sem precedentes desde a redemocratização.

O Comando do Exército agora está com Marco Antônio Freire Gomes, aspirante da Cavalaria da turma de 1980 na Academia Militar das Agulhas Negras, época em que Bolsonaro servia em Nioaque, Mato Grosso do Sul, e, nos intervalos, se dedicava à agricultura. Freire Gomes foi promovido a general em julho de 2018, no governo Michel Temer.

O ex-ministro Braga Netto terminou a semana nomeado como “assessor especial” no Palácio do Planalto. Bolsonaro tem indicado que deverá ser o seu candidato a vice-presidente, mas, aparentemente, ainda não obteve aval dos aliados políticos.

“O meu colega de turma, um ano mais moderno, se afasta nesse momento, não é surpresa com quais objetivos” — disse referindo-se ao ex-ministro. E ressaltou sua preferência: “Alguns falam em nomes que podem facilitar a guerra de outubro, mas ficará longe da governabilidade e da garantia de um bem maior para todos nós.”

Em tese, Braga Netto poderia permanecer na função de assessor até 90 dias antes da eleição. É provável, porém, que seja confirmado ainda neste mês.

Ele tem sido uma peça importante na tática de Bolsonaro para a “guerra de outubro”. Entrou na chefia da Casa Civil no 18 de fevereiro de dois anos atrás, quando o país contava apenas dois casos suspeitos de infecção pelo vírus da Covid-19. Comandou até março do ano passado a sequência de ações governamentais que deixaram o país num pandemônio sanitário.

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Dirigiu um Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19, a quinta instância burocrática estabelecida na Esplanada dos Ministérios exclusivamente para tratar da emergência pandêmica. Também montou um Centro de Governo.

A pedido de Bolsonaro, conduziu o plano de produção e distribuição de derivados de cloroquina em todo o país para “tratamento” da Covid-19, apesar da inexistência de comprovação de eficácia científica.

Dos laboratórios estatais, principalmente militares, saiu uma quantidade de comprimidos suficiente para suprir o consumo nacional (pré-pandemia) por mais de duas décadas, como indicam documentos coletados pela CPI da Pandemia.

No Planalto, Braga Netto supervisionou o pacote de gastos de R$ 286,5 bilhões no primeiro semestre da pandemia.

Recebeu advertência do Tribunal de Contas da União porque no Comitê de Crise aplicou apenas 7,6% (R$ 22 bilhões) dos recursos em iniciativas com alguma relação direta com a Covid-19. Destinou 92,4% (R$ 264,5 bilhões) a segmentos econômicos.

Na época, predominava no governo a crença de que a pandemia teria curta duração, por efeito da “imunidade de rebanho”. O tribunal de contas enviou-lhe documento alertando para a inércia do Comitê de Crise “diante do cenário de mortandade desenfreada”.

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Quando trocou a Casa Civil pela Defesa, no ano passado, o país contava com mais de 300 mil mortes na pandemia.

Nesse ministério, Braga Netto se destacou pelo respaldo a Bolsonaro em embates com o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral.

Em audiências no Congresso, defendeu o “papel moderador” das Forças Armadas, concepção superada desde o início da República e sepultada na Constituição de 1988. Quando ficou clara a tendência da Câmara dos Deputados em rejeitar o voto impresso, em oposição a Bolsonaro, ajudou a organizar um desfile de carros de combate diante da praça dos Três Poderes no dia da votação.

No discurso de saudação do “colega de turma”, ontem, Bolsonaro insistiu na crítica ao Judiciário, seu alvo predileto nessa etapa da campanha: “Não é apenas jogar dentro das quatro linhas da Constituição, é, se preciso for, fazer com que quem esteja fora delas venha para dentro desse campo.”

A chapa Bolsonaro-Braga Netto se anuncia com moldura militarista e tendência definida — a do tumulto do processo eleitoral.  Aparentemente, só falta o aval dos chefes do Centrão: Valdemar Costa Neto, do Partido Liberal; Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil, e de Arthur Lira, presidente da Câmara.

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