Por trás das cenas de terror noturno em Araçatuba (SP) estão evidências da inépcia na política nacional de segurança pública.
É o 33º ataque criminoso desse tipo em zonas urbanas de diferentes estados desde 2018.
Em Araçatuba se acumularam indícios de vazamento de informações sigilosas no sistema bancário público — assaltantes sabiam o local, o horário e o dia exato da chegada de dinheiro para distribuição no noroeste paulista, região de intensa atividade pecuária.
É replay de filme assistido em ataques anteriores a cidades que centralizam o movimento financeiro de uma região.
Os 100 quilos de explosivos deixados em Araçatuba impressionam, mas chama a atenção a progressiva sofisticação do armamento usado nas três dezenas de assaltos, em harmonia com o “liberou geral’ no comércio de armas — obra do governo Jair Bolsonaro.
Por sorte, a sofisticação da tecnologia parece superar claramente a habilidade técnica dos assaltantes.
Em contraste, eles têm demonstrado uma competência ímpar em relação aos órgãos federais e estaduais responsáveis.
O Ministério da Justiça, por exemplo, patina na própria desinteligência na coordenação da política nacional de segurança pública. O engajamento do ministro Anderson Torres na campanha eleitoral de Bolsonaro limitou até os contatos os governos estaduais, vários rotulados no Palácio do Planalto como “inimigos”.