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Hedy Lamarr

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Por Isabela Boscov Atualizado em 31 jul 2020, 00h08 - Publicado em 9 nov 2015, 19h29
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  • Boa atriz ela não era. Mas foi uma fera.

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    Você não entendeu por que hoje o Google dedicou um Doodle à estrela das antigas Hedy Lamarr? É porque a austríaca Hedy, que hoje faria 101 anos, era da pá-virada. É em parte por causa de um invento dela que neste momento você está aqui usufruindo o seu wi-fi. leia aqui uma matéria que eu escrevi sobre ela em 2004:

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    A bela e a bomba.

    Hedy Lamarr brilhou como diva. Agora, um filme quer divulgar seu valor como inventora.

    Hedy Lamarr, uma das grandes divas de Hollywood entre o fim dos anos 30 e o começo dos 50, foi célebre pelas cenas de nudez que protagonizou no filme tcheco Êxtase, de 1932, pelos muitos casamentos (seis ao todo) e pela beleza arrebatadora, para a qual a colunista Hedda Hopper inventou o adjetivo “orquidácea”. Hedy não ficou conhecida pelos dons como intérprete  – cuja existência, de qualquer forma, dificilmente poderia ser aferida em filmes como o clássico do kitsch Sansão e Dalila, seu maior sucesso – muito menos pela inteligência. Mas essa, ao que parece, foi um grande dom. Um roteiro cinematográfico agora em fase de desenvolvimento, com apoio da fundação científica Alfred P. Sloan, quer reapresentar a austríaca Hedy ao público no papel de que ela mais se orgulhava: o de inventora de um sistema revolucionário de transmissão de dados por rádio, que permitiria aos aliados controlar bombas sem que a Alemanha nazista pudesse interceptar suas comunicações. Ainda hoje, a descoberta de Hedy vem se ramificando em aplicações na telefonia celular e na internet sem fio.

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    A história de como Hedy chegou ao seu invento é cercada de improbabilidades, como quase tudo o mais em sua biografia. Filha de um banqueiro e de uma pianista, na juventude a atriz foi casada com um fabricante de armas austríaco. Durante os três anos de casamento — encerrados no dia em que ela drogou a empregada que a vigiava e fugiu por uma janela —, Hedy freqüentou inúmeros jantares de negócios com o marido, nos quais adquiriu algum conhecimento do metiê deste. Anos mais tarde, já radicada em Hollywood, Hedy conheceu o compositor George Antheil numa festa. Estava-se em plena II Guerra Mundial, e o governo americano vinha incentivando o público a oferecer idéias que pudessem ser úteis na defesa do país. Hedy e Antheil conversaram um pouco e, na saída, ela deixou seu número de telefone para o compositor — escrito com batom, no pára-brisa do carro dele, como convém a uma estrela. Na noite seguinte, os dois bolaram o sistema batizado de “salto em freqüência”. Usando dois rolos de papel pré-gravados, semelhantes aos de uma pianola, o mecanismo permitiria aos aviões bombardeiros dirigir torpedos para seus alvos via sinais de rádio que mudavam de freqüência a curtos intervalos. Dessa forma, o inimigo não teria tempo de identificar e bloquear esses sinais antes que a freqüência mudasse novamente.

    Hedy e Antheil doaram sua patente ao governo, que só viria a aplicá-la em 1962, nos navios enviados para bloquear Cuba durante a crise dos mísseis. Hedy, que em 1953 se tornou cidadã americana, dizia que o invento era a sua contribuição ao esforço de guerra contra os nazistas, e nunca ganhou um tostão com ele. A descoberta, aliás, só pôde ser atribuída a ela em 1985, quando a patente deixou de ser confidencial. A essa altura, Hedy — que morreu em 2000, aos 86 anos — já vivia na pobreza havia muitos anos, dependendo de uma pequena aposentadoria e de uma pensão do Sindicato dos Atores. “Meu rosto foi minha ruína”, lamentou-se a atriz diversas vezes. Agora, quem sabe, um filme possa fazer justiça não à beleza de Hedy, mas à sua igualmente privilegiada massa cinzenta.

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    Isabela Boscov
    Publicado originalmente na revista VEJA no dia 12/05/2004
    Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
    © Abril Comunicações S.A., 2004
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