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Ao Cair da Noite

Um pós-apocalipse tenso e misterioso – e mais quatro sugestões sobre o fim do mundo

Por Isabela Boscov Atualizado em 31 out 2017, 16h42 - Publicado em 22 jun 2017, 10h00
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  • Qual é a natureza do mal que recaiu sobre o mundo? Paul, sua mulher e seu filho não sabem dizer, e não têm a quem perguntar. Nem querem ter: qualquer um ou qualquer coisa lá fora pode trazer para dentro de casa a peste. O sogro de Paul acaba de chegar aos últimos estágios dela; enrolados em plásticos, e usando máscaras e luvas de borracha, Paul, Sarah e Travis despedem-se dele, antes de levá-lo para uma cova na mata, matá-lo com um tiro de misericórdia e então queimar o corpo. Naquela noite, ninguém tem vontade de comer, embora a comida já esteja acabando e seja cada dia mais preciosa. E, além do luto e da escassez, há o medo. Todas as portas e janelas da casa já foram tapadas com tábuas bem pregadas. Para sair, é preciso desaferrolhar uma porta, passar por um quarto e abrir os cadeados de mais uma porta. Qualquer latido do cachorro deixa a família em pânico. Uma noite, o cão late, e Travis ouve um barulho dentro da casa: alguém mais chegou.

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    Ao Cair de Noite
    (Diamond/Divulgação)

    Misto de terror e suspense passado num mundo pós-apocalíptico no qual nunca se veem as marcas deixadas pelo apocalipse, Ao Cair da Noite é para quem gosta daquilo que se chama de slow burn – a tensão levada em fervura baixa, esticando os nervos (mas esticando-os bastante) mais do que testando-os com sustos e ação. É quieto, em certos trechos até lento, e deixa muita coisa no ar. Mas o diretor quase-novato Trey Edward Shults, um talento de primeira, se sai com um exemplar excelente de uma corrente que vem ganhando força, a dos filmes pós-apocalípticos que dispensam os efeitos especiais (eles nem poderiam pagá-los; são todos de baixíssimo orçamento) para fechar o foco em um sobrevivente, ou no máximo em um pequeno punhado deles. Aqui, a tensão emana das reações conflitantes do pai e do filho aos recém-chegados à casa: Travis (Kelvin Harrison Jr.) tem 17 anos, e anseia por contato humano; já Paul (Joel Edgerton, que assina também como produtor executivo) não baixa a guarda de jeito nenhum porque, apesar de ter sido persuadido a acolher essas novas pessoas, não consegue se livrar da intuição de que essa pode não ter sido uma boa ideia.

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    Ao Cair de Noite
    (Diamond/Divulgação)

    Como muita gente, adoro filmes de fim de mundo, seja qual for a modalidade da hecatombe – meteoro, tsunami, epidemia, terremoto, bomba atômica, mudança climática, praga bíblica. Topo rever a qualquer hora O Dia Depois de Amanhã, 2012, Contágio, Eu Sou a Lenda, Impacto Profundo, Mad Max, Guerra Mundial Z, Presságio e até o datado O Dia Seguinte, que em 1983 – um ano ultra tenso da Guerra Fria – deixou todo mundo histérico ao mostrar como seriam as consequências de um ataque nuclear. E mal vejo a hora de assistir a Tempestade – Planeta em Fúria, que estreia em outubro. Mas essa corrente de filmes enxutos e muito inovadores é um prazer diferente. Histórias como Ao Cair da Noite fazem o espectador se colocar numa outra situação: a de ter resistido e continuar resistindo, isolado num mundo estranho, sem saber até quando – sem saber, inclusive, se vale a pena, e o que o espera. É um percurso aterrorizante esse que leva tão rápido da civilização ao modo de vida mais primitivo, e às emoções mais básicas. Se essa é a sua praia, aí vão mais quatro sugestões de filmes que olham o pós-apocalipse por esse ângulo fechado, o de um ou dois ou três sobreviventes.


    The Survivalist

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    Um sujeito há anos vive sozinho numa cabana, sempre dormindo com um olho aberto e defendendo-se de qualquer estranho que se aproxime (ele aduba a horta com os cadáveres das pessoas que matou; nada se perde num mundo como esse). Um dia, uma mulher chega à porta com sua filha jovem, e ele fraqueja e as deixa passar a noite. (Leia aqui a resenha completa)

    Monsters

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    Um jornalista que está cobrindo a invasão alienígena que há seis anos começou a se espalhar pela Terra é incumbido de escoltar uma mulher na travessia da zona mais infectada, na América Central. O caos está sempre à volta deles, e os alienígenas são uma presença constante, mas nunca vista, neste road movie/drama/romance do inglês Gareth Williams, que depois dirigiria Godzilla e Rogue One. (Leia aqui a resenha completa)

    Os Últimos na Terra (Z for Zachariah)

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    No alto da serra, onde Margot Robbie vive, o ar e a água escaparam da contaminação. Cansada da solidão, ela acolhe de bom grado o primeiro sobrevivente a jamais aparecer por ali, interpretado por Chiwetel Ejiofor – e, algum tempo mais tarde, acolhe um segundo recém-chegado, vivido por Chris Pine. As tensões começam a se acumular: pelo jeito, mesmo em um mundo desabitado três é demais.

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    A Estrada (The Road)

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    Prepare-se para uma deprê daquelas enquanto Viggo Mortensen, doente e cada vez mais fraco, atravessa os Estados Unidos a pé, num cinzento e perigosíssimo pós-apocalipse, tentando chegar até a costa com seu filho pequeno (Kodi Smit-McPhee). Dirigido pelo australiano John Hillcoat (do ótimo faroeste A Proposta) com base no romance premiado de Cormac McCarthy, este é de longe o mais alegórico, pesado e pessimista do pacote.


    Trailer

    AO CAIR DA NOITE
    (It Comes at Night)
    Estados Unidos, 2017
    Direção: Trey Edward Shults
    Com Joel Edgerton, Christopher Abbott, Kelvin Harrison Jr., Carmen Ejogo, Riley Keough
    Distribuição: Diamond

     

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