“A Marina quer ter um papel de protagonismo neste segundo turno, mas espera que o Aécio avance na direção de uma postura de nova política.”
A frase é de Walter Feldman, o coordenador da campanha da candidata derrotada. Nada mais sintomático da personalidade e da velha política de Marina do que isto. Ela “quer ter um papel de protagonismo”, mesmo quando perde. Não foi por outro motivo, aliás, que saiu do PT, coisa que eu até entendo: ser coadjuvante da Dilma é mesmo de lascar.
No primeiro turno, Marina afirmava que pretendia “ganhar ganhando” ao justificar sua resistência suicida em rebater os duros ataques petistas. Agora, com a lista de exigências que faz a Aécio em troca de seu apoio, Marina quer é perder ganhando – e de goleada.
O terrorismo eleitoral do PT contra ela e a notícia de que o partido ficava com 2/3 da propina do esquema de corrupção na Petrobras não são motivos suficientes para sua adesão à chapa tucana. A ex-ministra praticamente exige que o programa de governo do candidato do PSDB se transforme no dela.
Quer que Aécio abandone o projeto de redução de maioridade penal para os casos de crime hediondo, como homicídio e latrocínio; combata um projeto de lei que transfere para o Congresso a responsabilidade sobre a demarcação de terras indígenas; e se comprometa com metas de reforma agrária propostas pelo MST, aquele movimento do qual ela veste o boné.
Agradeço a Marina por mostrar que sempre estive certo neste blog. Seu apoio ao decreto 8.243 do governo Dilma, que subordina o povo e a gestão pública a movimentos sociais controlados e financiados pelo PT como o MST, não fora à toa.
Nunca me enganaram as ameaças do líder João Pedro Stédile de fazer protestos diários se a ex-ministra fosse eleita. Esse teatro revelava apenas, se tanto, que Stédile preferia Dilma, não que Marina não era, na prática, uma ferrenha apoiadora da pressão dos invasores de terra, ainda que se diga contra a (inevitável) extrapolação do Estado de Direito por parte deles.
Em entrevista publicada em 4 de fevereiro deste ano no jornal “Página 13″, o próprio Stédile dizia que Marina e Campos “não são oposição nem ao PT nem a Dilma. Na minha opinião eles são apenas uma versão diferente do mesmo projeto neodesenvolvimentista.”
Assim como o Brasil não pode ceder à chantagem criminosa dos invasores do MST, Aécio não deveria ceder à chantagem política de Marina para “PTtizar” a sua candidatura, bem-sucedida justamente porque menos à esquerda que as demais. Com ou sem ela, o Instituto Veritá já aponta hoje uma vitória do tucano com dez pontos de vantagem sobre Dilma em votos válidos (54,8% a 45,2%) – por que ele haveria de “marinar” agora?
Marina já parasitou o PV e o PSB; o PSDB tem mais é de mostrar a ela o limite que lhe falta, em vez de aliviar, a seu pedido, a barra de reais e potenciais invasores e de marmanjos de 16 ou 17 anos que “isqueiram” pessoas vivas.
Se há uma maioridade que Aécio precisa manter é a dele próprio, dando um pé-na-bunda de Marina, se ela continuar de “mimimi”.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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