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‘Posto de Combate’, na Netflix, é uma sessão de tortura cinematográfica

Drama de guerra retrata o ataque do Talibã a posto militar americano absurdamente mal posicionado no Afeganistão

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jun 2022, 12h44

Já no início do filme Posto de Combate, um alerta: no meio do vale Kamdesh, no Afeganistão, um posto militar americano foi instalado no pior lugar possível. Sair dali vivo seria um milagre. Cercado por montanhas, o posto era um alvo fácil para os talibãs, que possuíam uma visão privilegiada do local. Vira e mexe, os americanos sofriam pequenos ataques de remanescentes do grupo de terroristas, que eram rapidamente reprimidos. Isso até o dia em que 300 talibãs – número estimado pelos Estados Unidos – cercou o posto em 2009, numa longa batalha contra 54 soldados americanos. O embate é retratado no filme do diretor Rod Lurie, com Scott Eastwood e Orlando Bloom no elenco, trama que encabeça a lista de longas mais vistos na Netflix essa semana.

Com (eternas) duas horas de duração, o filme intercala, do começo ao fim, dois tipos de situação: ou os soldados estão travando morosos diálogos entre si sobre a péssima circunstância na qual se encontram, ou estão sofrendo as consequências do posto mal posicionado, sendo atacados e atirando de volta. As cenas de ação seguram as pontas do longa – vários planos-sequência muito bem filmados colocam o espectador dentro da aflição dos americanos. A tensão bem calculada explica a popularidade do longa, mas não o isenta de seus muitos problemas éticos — nem da sensação final de tortura deixada no espectador.

Posto de Combate tenta fazer parte de uma recente tendência de longas militares, entre eles o pop Top Gun: Maverick, que observa a guerra e o patriotismo através de pontos de vista críticos e não mais sob a ótica vazia do embate louvável entre o bem e o mal. A produção, contudo, não chega lá. Entre uma crítica aqui, e outra ali, o filme, baseado no livro de mesmo nome do jornalista Jake Tapper, não resiste à tentação e pende ladeira abaixo para a visão que exalta os heróis de guerra. Um olhar mais apurado logo atesta que os soldados ali foram, na verdade, vítimas do próprio governo o qual eles defendiam — algo que medalha nenhuma pode aplacar. 

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A crítica ao exército dos Estados Unidos por ter colocado aqueles soldados, na maioria jovens de 20 e poucos anos, naquela posição é superficial. Mais raso ainda é o modo como apresenta a obediência cega da cultura militar – em determinado momento, o alto escalão do exército, à distância, demanda uma missão suicida e sem necessidade. Mesmo avisado pelos subordinados de que não daria certo, o comandante responsável atende dizendo que ordens são ordens. Claro, o resultado é trágico. Já o ataque final mostra o sofrimento dos americanos de forma dilacerante: oito soldados foram mortos e 27 ficaram feridos. O embate foi encerrado 12 horas mais tarde com a chegada de ajuda aérea. O número de talibãs mortos foi estimado em 150. Em determinada cena, um tenente que chega com reforço via terra observa as crateras deixadas pelas bombas americanas, e reflete sobre o poderio dos Estados Unidos de forma peculiar: “ainda bem que eles estão do nosso lado”.

Ao fim, um memorial com música triste exibe as fotos dos homens mortos e exalta a coragem e a força do herói americano – um “prêmio” consolação para aqueles que foram colocados sem a proteção adequada cara a cara com o inimigo.

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