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Nazistas, comunistas e zumbis: a ousada mistura do filme ‘Bastardoz’

Produção espanhola de ‘terrir’ (união de terror com comédia) alfineta polarização com trama às vésperas da II Guerra Mundial

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2022, 15h37

Um grupo de pessoas em fuga entra em um galpão num vilarejo na Espanha. Lá, eles encontram uma mulher escondida. Durante a Guerra Civil espanhola e às vésperas da II Guerra Mundial, a mulher vê homens fardados e questiona de qual lado do conflito eles estão. Um soldado tenta responder: “somos um pouco de cada”. De fato, o grupo é para lá de peculiar: entre eles estão guerrilheiros comunistas, soldados fascistas, um árabe muçulmano e uma freira católica. A única razão para que ainda não tenham se matado entre si é o vislumbre de outro inimigo em comum: zumbis tomaram a região famintos por carne humana – seja de qual lado do espectro político a “refeição” estiver.

A combinação peculiar é o centro da trama de Bastardoz, novo filme espanhol da Netflix, já entre os mais vistos da plataforma. A produção baseada no livro Noche de Difuntos del 38, de Manuel Martín — que se tornou um popular jogo de videogame —, reflete a crescente animosidade ao redor da Europa entre os anos 30 e 40, com a ascensão do nazismo e a explosão da II Guerra. Na trama, nazistas alemães em parceria com fascistas italianos e espanhóis deram início a experimentos que transformam os mortos em monstros. O protagonista Jan (Miki Esparbé) é um comandante do exército fascista espanhol, mas não concorda com a guerra e acaba arranjando problemas com o ditador Franco. Como punição, ele deve levar uma mensagem a um aliado cruzando um território perigoso. No caminho, ele é capturado por soldados separatistas aliados aos comunistas, sob o comando do Sargento (Luis Callejo). Logo, os inimigos cruzam com os mortos-vivos e levantam uma trégua temporária entre eles para que possam juntar forças contra os bichões.

Cena do filme 'Bastardoz', na Netflix -
Os zumbis do filme ‘Bastardoz’, na Netflix: metáfora para a polarização (//Divulgação)

Bastardoz segue o subgênero apelidado de “terrir”, ou seja, terror para rir, filão que tem se saído bem quando ambientado em guerras, a exemplo de Bastardos Inglórios (2009) e Jojo Rabbit (2019). Sua mensagem contra a polarização que divide seres humanos é explícita e jogada em divertidas sacadas ao longo do roteiro. Em determinado momento, um dos soldados reflete sobre como os zumbis são mais “elevados” do que eles, afinal, os mortos-vivos nunca brigam entre si. Em outro momento, dois personagens de lados opostos causam uma grande explosão para aniquilar os monstrengos ao redor e, antes, fazem um “brinde”. “À Espanha!”, eles gritam. Um deles, porém, para e questiona: “Espera, qual Espanha? A sua ou a minha?”. Ao que o outro responde: “A que sobreviver depois de tudo isso”. Uma boa alfinetada na era de nacionalismos vazios e nervos à flor da pele do século XXI. 

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