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Murilo Benício a VEJA: “Temos que incentivar filmes bons”

O ator e cineasta acaba de estrear 'Pérola', longa protagonizado por Drica Moraes e baseado na peça homônima de Mauro Rasi

Por Thiago Gelli Atualizado em 4 out 2023, 22h51 - Publicado em 4 out 2023, 16h00

Murilo Benício conheceu o dramaturgo Mauro Rasi nos anos 1990, antes de interpretar o próprio autor em uma de suas peças semi-autobiográficas. Se aproximando do parceiro criativo e muso que deveria replicar, o jovem ator assistiu a Pérola, um de seus trabalhos mais célebres — sucesso nos palcos cariocas adornado pela atuação central de Vera Holtz, que, após a temporada, levou para casa alguns troféus. Ainda no início de sua carreira, Benício não poderia imaginar que seria o cineasta encabeçado a levar tal enredo para as telas de cinema. Mesmo assim, 20 anos após a morte do amigo, Pérola acaba de chegar às salas de exibição. 

O filme faz poucas alterações ao texto original, contando a história do protagonista desde sua infância até a vida adulta, quando perde a mãe — mulher que dá título à obra. Agora vivida por Drica Moraes, a personagem encapsula as idiossincrasias da vida de classe média na cidade de Bauru, no interior paulista, e passa por conflitos familiares melodramáticos e gracejos cômicos rumo ao seu sonho: uma casa com piscina. Em entrevista a VEJA, Murilo fala sobre os bastidores e desafios da produção.

O senhor começou como diretor com O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, e agora volta ao teatro para adaptar a obra de Mauro Rasi. Por que escolher os palcos como fonte criativa da sua carreira como cineasta? Isso foi por acaso. Pensei no Beijo porque meu pai me fez ser apaixonado por Nelson — ele era um pouco moderno —, e por isso dedico a ele o filme. Já Pérola é uma história minha com o Mauro Rasi. Em 1995, quando ele me chamou para fazer uma peça, combinei de assistir à montagem original com ele e jantar depois para discutir o projeto. Fiquei muito impactado ao fim da sessão, virei para ele e falei: “Isso é um filme, você tem que filmar isso.” Depois, ouvi histórias muito engraçadas de que ele tinha planos de gravar com algumas atrizes do Almodóvar, mas nunca aconteceu. Mais de 20 anos depois, acho que fiz o longa de um jeito que ele gostaria. Desde aquela época, fui crescendo sempre com a ideia de dirigir. Esse é o segundo de uma trilogia de projetos que sempre quis fazer, e já estou roteirizando o terceiro.

Por que você acha que Pérola capturou o público em sua temporada original? A peça faz com que os espectadores se encontrem nos sentimentos, não nas experiências. Falamos de sensações pelas quais todos já passaram ou vão passar, e por isso as pessoas se emocionam e se sentem retratadas. Cada pessoa que assistir a esse filme vai achar que está sendo contada sua própria história de vida.

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O retorno da cota de telas para filmes nacionais no circuito de distribuição tem sido pauta de projetos de lei e muito debate público. Você sente o impacto da ausência de cotas? Temos que incentivar filmes bons. No Brasil, estamos acostumados a ver cinema americano: 90% do que assistimos vem de lá e 80% é muito ruim. Por aqui, precisamos fazer mais para melhorar e competir, então perder esse incentivo é algo que repercute em todo lugar. Por que eu queria, antes de mais nada, visitar Nova York? Ou a Califórnia? Porque eu vi isso nos filmes, claro. Existe um sistema de propaganda maior do que o cinema? O que estamos discutindo não é apenas o cinema em si, como o começo de uma cultura que pode ser vendida ao mundo inteiro, ainda mais agora. Antigamente, a língua era um impeditivo maior, mas de repente isso não é mais problema — basta olhar para o desempenho de qualquer novela coreana.

Com iniciativas como a Lei Paulo Gustavo, você enxerga uma perspectiva mais promissora para o mercado? Acho que eu só consigo dar essa resposta vendo. Não adianta termos uma lei que seja muito burocrática ou que não atenda todo mundo. É difícil dizer, mas iniciativas são tudo que a precisamos. Seja a Lei Paulo Gustavo ou iniciativas privadas, principalmente. Você pode vender uma empresa para o mundo inteiro em um filme, não é? Imagina, um filme de baixo orçamento dos Estados Unidos chega ao custo de 5 milhões de dólares, que para nós é uma super produção.

Hoje, o que faz com que você tope um projeto novo? Tenho precisado de tempos maiores entre trabalhos. Para me dedicar, não consigo mais emendar duas coisas ou fazê-las simultaneamente. Além disso, tem que ser uma boa ideia. Não sei se me direciono no sentido de “quero fazer uma série” ou “quero fazer uma novela”. O personagem tem que ser bom e a turma tem que ser agradável. 

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