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Em Cartaz

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‘Máfia da Dor’: diretor conta como foi adaptar a absurda história real

David Yates e Lawrence Grey falam a VEJA sobre o filme da Netflix que conta a história da farmacêutica que subornava médicos para vender uma droga perigosa

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 20h16 - Publicado em 7 nov 2023, 12h50

Diretor dos quatro últimos filmes da saga Harry Potter e da trilogia derivada, Animais Fantásticos, o cineasta inglês David Yates estava em busca de um próximo projeto, por assim dizer, mais pé no chão. Foi quando ele se deparou com uma história real e absurda que desafiava a ficção: uma longa reportagem do The New York Times destrinchava o método de atuação da empresa Insys Therapeutics, que pagou milhões de dólares em propina para médicos receitarem a medicação para dor produzida por eles. Não bastasse o crime de suborno, o grupo comercializava nada menos que um spray de fentanil, uma droga fortíssima derivada do opioide, 100 vezes mais potente que a morfina e mais viciante e passível de causar overdose que a heroína — logo, seu uso descontrolado causou a morte de diversos pacientes. A história foi adaptada por ele no filme Máfia da Dor, da Netflix, com Chris Evans e Emily Blunt no elenco. Em entrevista a VEJA, Yates e o produtor Lawrence Grey falam sobre o mergulho que fizeram na história e como foi levá-la para as telas em uma adaptação livre, porém fiel ao ocorrido.

O filme foi inspirado em uma reportagem do The New York Times. O que mais os impressionou nesta história real?

Lawrence: Era um mundo impressionante sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar. Existe uma cultura na medicina em que os médicos são subornados com muito dinheiro, sexo, drogas e bebidas para prescrever medicamentos. Os pacientes tomam esses remédios pensando que foram prescritos por razões honestas. A maneira como estes médicos vivem dentro da própria bolha, o narcisismo, a ganância, era tudo surpreendente. Há um vídeo de rap na internet com executivos da farmacêutica vestidos de fentanil, praticamente narrando seus crimes. Isso foi um sinal de que havia um mundo de personagens e histórias inacreditáveis que precisavam ser expostas.

Yates: Eu adoro histórias sobre vendedores. Há algo de extraordinário na cultura de vendas, especialmente se você estiver olhando para ela sob o ponto de vista da parte não privilegiada desse comércio. Neste caso, não se tratavam de vendedores sofisticados, eram pessoas do dia a dia que estavam tentando ganhar dinheiro a todo custo. Já vi outras histórias sobre o mundo farmacêutico, mas esse tipo de perspectiva eu nunca tinha visto antes, e fiquei intrigado. Fiquei impressionado com as práticas que li naquele artigo. Eu venho do Reino Unido, na Europa, onde temos um Sistema Nacional de Saúde, no qual esse tipo de prática não seria permitida. Foi como ir ao cinema ver um faroeste mostrando um mundo fora do comum.

A personagem da Emily é uma junção de várias pessoas reais, entre elas, de fato uma ex-stripper. Como foi criá-la?

Lawrence: Queríamos um personagem com o qual o público pudesse se identificar, não um ser humano perfeito, mas alguém ambicioso e idealista, e também muito vulnerável. O roteiro selecionou detalhes específicos da vida de algumas pessoas reais, culminando na criação de Liza.

Yates: Emily é muito corajosa na escolha de seus papéis. É comum vermos uma personagem sendo uma boa mãe, uma boa irmã, ou uma boa tia — enquanto os homens aceitam a própria corrupção moral e ainda são capazes de encontrar redenção no final. Ela queria interpretar uma personagem forte que encara a consequência das decisões que tomou. É uma pessoa que só encontra redenção depois de assumir seus erros e fazer uma escolha muito difícil.

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A crise das drogas opioides nos Estados Unidos, recentemente, inspirou documentários e programas de TV. Como entraram neste mundo a partir de um ponto de vista tão diferente?

Yates: Introduzimos a ideia de um humor subversivo. Queríamos entreter o público e trazê-los para uma história com a qual eles pudessem se identificar, que parecesse universal, acessível. Para começo de conversa, não queríamos criar um drama muito sério, mas de certa forma é um cavalo de Troia. Queríamos que a audiência vivenciasse essa montanha-russa que os personagens estavam passando, até os problemas sérios no final. Nas exibições prévias do filme, percebemos que o público se divertia no começo, mas, nos últimos 20 minutos, iam ficando mais calados e reflexivos. Essa era nossa meta, entreter e alcançar um público amplo, para, por fim, honrar as vítimas dessa história.

David, você já produziu muitos filmes do filão de fantasia. Acha que a realidade é mais desafiadora?

Yates: Com certeza. As pessoas sempre nos surpreendem. Tem situações nessa história, que eu, por exemplo, não conseguia acreditar. Eram mais extraordinárias do que muitas tramas de filmes de fantasia. Então sim, eu concordo. A realidade às vezes é muito mais maluca.

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