Depois de ganhar o processo contra a ex-esposa Amber Heard, Johnny Depp retornou aos holofotes abrindo o Festival de Cannes. Protagonista do filme Jeanne du Barry, no qual interpreta o rei francês Luís XV, o ator foi aplaudido de pé por sete minutos após a exibição do longa, mas a volta não veio sem a polêmica habitual. Nesta quarta-feira, 17, Depp chegou 42 minutos atrasado para a coletiva de imprensa do evento, e não poupou palavras para alfinetar a indústria. “Se eu me sinto boicotado agora? Não, de jeito nenhum. Não me sinto boicotado por Hollywood porque não penso nisso. Não penso em Hollywood. Eu mesmo não tenho muita necessidade de Hollywood”, disparou ele.
Depp confessou que, antes de vencer a ação contra Heard, sentiu o peso do “boicote” — em 2020, ele anunciou que estava deixando a franquia Animais Fantásticos, spin-off de Harry Potter, a pedido da Warner Bros. “Quando você é convidado a se retirar de um filme por causa de algo que é apenas um monte de vogais e consoantes flutuando no ar, você se sente um pouco boicotado”, disse ele relembrando a situação, que aconteceu depois dele perder um processo de difamação contra o jornal britânico The Sun, que o descreveu como “espancador de mulheres” em um artigo.
A presença do ator no festival, no entanto, gerou controvérsia antes mesmo da exibição do filme. Questionada se compareceria à estreia, a atriz Brie Larson se mostrou incomodada e desconversou. “Você verá, eu acho, se eu for. E não sei como vou me sentir se o fizer”, respondeu ela que acabou atendendo à pré-estreia do longa ao lado dos colegas do júri. Em uma coletiva realizada na segunda-feira, 15, Thierry Fremaux, diretor do festival, defendeu a exibição do filme encabeçado por Depp e enfrentou as polêmicas sob a premissa da liberdade de expressão: “Se há alguém no mundo que não teve nenhum interesse neste julgamento midiatizado sou eu. Não sei do que se trata. Me importo com Depp como ator”.
O retorno de Depp acontece após uma batalha legal que começou em 2016, quando Amber Heard, sua ex-esposa, pediu o divórcio e o acusou de agressão. Ao longo de múltiplos processos judiciais, Depp foi reconhecido como agressor pela Justiça Britânica, mas sua espetacularizada passagem pelos tribunais em 2022 — quando o júri americano definiu ambas as partes como culpadas por difamação — parece ter restaurado sua figura pública.