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Anna Muylaert sobre volta de ‘Durval Discos’ ao cinema: ‘Filme atemporal’

Produção que completa vinte anos narra história de uma loja de discos em paralelo com as mudanças tecnológicas e estruturais de São Paulo

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 nov 2023, 08h00

É difícil andar pelas ruas de São Paulo nos dias de hoje sem se deparar com o constante barulho de obras e o levantar de prédios que mudam rapidamente o horizonte da cidade. Quando foi rodado, no início dos anos 2000, o filme Durval Discos já se deparava com essa realidade. Ambientado em um conjunto de casas antigas, que seriam derrubadas para a construção de um prédio, o filme cômico de Anna Muylaert narrava uma história de transições: a loja de LPs encarava a chegada do CD, enquanto a família de Durval (Ary França), de repente, se via encarregada de uma criança. A produção, que alçou a diretora ao hall de nomes promissores do cinema nacional – promessa que se cumpriu com títulos feitos por ela como É Proibido Fumar (2009) e A Que Horas Ela Volta? (2015) –, acaba de voltar aos cinemas, vinte anos depois de seu lançamento, em cópia restaurada em 4K, processo de digitalização patrocinado pelo projeto Sessão Vitrine Petrobras. Confira entrevista com a diretora sobre o longa e seus próximos projetos. 

Como foi revisitar Durval Discos vinte anos depois? Eu fiquei apaixonada, foi a primeira vez que revi o filme e amei. Ficava pensando: “caramba, eu fiz isso”. 

Qual a razão da longevidade do filme? Ele foi muito bem trabalhado e cuidado. A produção era impecável. Não foi feito às pressas. Há também uma questão emocional envolvida, né? Por exemplo, eu tinha uma enorme coleção de LPs que era minha vida. De repente, aquilo não fazia mais sentido. Acho que a virada do LP para o CD foi a primeira de diversas grandes mudanças tecnológicas que vivemos nos últimos anos, que provocaram um preço emocional cultural nas pessoas. 

Isso também no cinema, certo? Sim, o próprio Durval Discos não está em nenhuma plataforma de streaming porque ele foi feito em 35mm e não havia uma cópia digital. Agora, ele tem uma que eventualmente vai para o streaming. Muitos outros clássicos brasileiros estão na mesma situação, precisam ser digitalizados para serem acessados. É um filme atemporal em vários sentidos.

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Por exemplo? Bem, a própria cidade de São Paulo, né? O filme retrata um quarteirão que tava indo para o chão. Hoje, Pinheiros por exemplo, o bairro está sendo destruído. A velocidade de mudança tecnológica, física e estrutural da cidade, impressiona, além do nosso medo pessoal de se tornar obsoleto. 

Durval Discos transformou seu nome em uma grife no cinema nacional. Sendo uma mulher em um meio tão masculino, como analisa essa trajetória? A pesquisa mais recente da Ancine mostra que 19% dos filmes brasileiros lançados comercialmente em 2019 foram feitos por diretoras. Acho que a retomada foi um período que abriu espaço para mulheres. Tanto que o longa que marca aquele momento nos anos 1990 é o Carlota Joaquina, da Carla Camurati. Desde o Me Too, em Hollywood, ampliou-se a discussão sobre esse tema. Para que mulheres tenham mais espaço no cinema. De 2015 para cá eu passei a receber telefonemas de estúdios e produtoras em busca de uma diretora mulher. Isso não acontecia antes. 

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Algum convite internacional? Olha, eu tive algumas conversas, mas assim, eu não sou uma diretora que está disponível para qualquer coisa. Eu escolho fazer os meus filmes e as minhas histórias. Claro, também é mais complexo para uma mulher, uma mãe, aceitar mudar de país por meses, se adaptar a dirigir em uma outra língua e uma equipe inteiramente nova. Então, por enquanto, não tenho nenhum projeto, só estou envolvida em um remake de Que Horas Ela Volta? nos Estados Unidos. 

Em 'Que Horas Ela Volta?', de Anna Muylaert, Regina é Val, empregada que cuida de Fabinho (Michel Joelsas)
Em ‘Que Horas Ela Volta?’, de Anna Muylaert, Regina é Val, empregada que cuida de Fabinho (Michel Joelsas) (Divulgação/VEJA)

Em que pé está esse remake? Olha, a gente vendeu os direitos do remake para a Coreia do Sul, Índia e para os Estados Unidos. Por enquanto não tenho mais informações sobre isso. 

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Como estão seus próximos projetos? Filmei esse ano um longa que vai se chamar A Melhor Mãe do Mundo e está prestes a sair também O Clube das Mulheres de Negócios. Esse, aliás, é o mais perto que eu fiz de Durval: é um filme mais popular, louco, engraçado. Tem um grande elenco e vai ser lançado em 2024. 

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