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Por Raquel Carneiro
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A razão da ausência de Miyazaki, vencedor por O Menino e a Garça, no Oscar

Diretor japonês já havia levado o prêmio de melhor animação por 'A Viagem de Chihiro', em 2003, e também perdera a cerimônia por questões ideológicas

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 mar 2024, 09h09 - Publicado em 12 mar 2024, 09h00

Vencedor do Oscar de melhor animação pela segunda vez, o diretor Hayao Miyazaki faltou novamente à cerimônia do prêmio de Hollywood, realizada na noite de domingo, 10. Desta vez, o japonês faturou a estatueta por O Menino e a Garça, repetindo o feito que havia conquistado em 2003, quando A Viagem de Chihiro (2001) desbancara seus concorrentes americanos — na ocasião, ele também não compareceu à festa por questões ideológicas contrárias à política de guerra dos Estados Unidos no Iraque. Os dois filmes produzidos pelo Studio Ghibli são as únicas obras em língua não-inglesa a vencer a categoria. Ao aceitar o prêmio em nome de Miyazaki, no domingo mesmo, o produtor-executivo do estúdio Kiyofumi Nakajima justificou a ausência do diretor e do principal produtor de O Menino e a Garça, Toshio Suzuki, à “idade avançada de ambos”. Apesar disso, ele leu uma declaração de Suzuki.

“Estamos muito honrados em receber o Oscar de melhor filme de animação. Gostaríamos de agradecer à Academia por este prêmio. Gostaria também de agradecer a todos aqueles que estiveram envolvidos na produção deste filme e a todos aqueles que trabalharam para distribuí-lo em todo o mundo. Este filme começou com a retratação da declaração de aposentadoria feita por Hayao Miyazaki. E depois disso passamos sete anos produzindo-o. Este foi um projeto verdadeiramente difícil de ser concluído. Estou muito grato que o trabalho criado após a superação dessas dificuldades tenha sido visto por tantas pessoas ao redor do mundo e tenha recebido esse reconhecimento. Tanto Hayao Miyazaki quanto eu envelhecemos consideravelmente. Estou grato por receber tal homenagem na minha idade e, tomando isso como uma mensagem para continuar nosso trabalho, vou me dedicar a trabalhar mais no futuro. Muito obrigado”, disse Toshio Suzuki em sua nota.

Hayao Miyazaki esnobou Oscar de 2003

Em março de 2003, a atriz Cameron Diaz anunciou que A Viagem de Chihiro venceu a categoria de melhor animação, derrotando Spirit: O Corcel Indomável (Dreamworks), Lilo & Stitch (Disney), A Era do Gelo (Fox) e O Planeta do Tesouro (Disney). O diretor, Hayao Miyazaki, porém, não estava presente para receber o troféu. Sendo assim, o prêmio seria aceito em nome dele. Miyazaki levou anos até falar publicamente e admitir que faltou ao Oscar por discordar da guerra promovida pelos EUA no Iraque. Em uma entrevista cedida em 2009, o japonês explicou sua decisão e o seu silêncio. “A razão pela qual não fui aos Estados Unidos para receber o Oscar foi porque não queria visitar um país que estava bombardeando o Iraque. Na época, meu produtor, Toshio Suzuki, presidente da Ghibli, me disse para calar a boca sobre isso, e eu não pude falar sobre meu verdadeiro raciocínio. A propósito, ele também compartilhava desse sentimento”, declarou o diretor. “Seu país [América] tinha acabado de começar a guerra contra o Iraque e eu estava muito furioso com isso. Então senti alguma hesitação em relação ao prêmio. Na verdade, eu tinha acabado de começar a fazer O Castelo Animado, então o filme é profundamente afetado pela guerra no Iraque”, disse ele em outra ocasião.

Nascido em 5 de janeiro de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, Hayao Miyazaki tem uma postura pacifista que aborda em quase todas as suas obras, sendo crítico a quaisquer conflitos ao redor do globo. A temática anti-guerra é presente em filmes como Nausicaä do Vale do Vento (1984), Porco Rosso: O Último Herói Romântico (1992), A Princesa Mononoke (1997), O Castelo Animado (2004). O Menino e a Garça, inclusive, mostra a mãe do protagonista sendo vítima de um bombardeio da guerra no Japão.

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Em 9 de novembro de 2014, Hayao Miyazaki recebeu um Oscar honorário por sua contribuição à indústria cinematográfica e compareceu à cerimônia. Pouco antes, ele havia anunciado sua aposentadoria — que seria adiada posteriormente. “Acho que tive sorte, porque pude participar da última era em que podíamos fazer filmes com papel, lápis e filme. Outro fato de sorte é que o meu país não esteve em guerra durante os 50 anos que venho fazendo filmes”, discursou.

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