3 momentos em que o filme ‘Donzela’ mostrou lições de feminismo
Trama de fantasia da Netflix traz a estrela Millie Bobby Brown como princesa que salva a si mesma
*O texto a seguir contém spoilers do filme Donzela
Em 2016, a Netflix apresentou ao mundo a estrela que seria sua mina de ouro: a inglesa Millie Bobby Brown tinha apenas 12 anos de idade quando ficou conhecida por interpretar a personagem Eleven, na série Stranger Things. Agora, aos 20 anos, a jovem já provou seu apelo com a audiência nos dois filmes da saga Enola Holmes e volta a repetir a dose com o hit Donzela — longa que, em seus primeiros três dias no ar, foi visto 35,5 milhões de vezes. Representante da dita Geração Z, Millie segue a tendência de abraçar pautas atuais, entre elas o feminismo – suas personagens costumam desafiar as expectativas em torno das mulheres, superando barreiras e conquistando lugares dominados por homens. Em Donzela, a fórmula se repete de forma previsível, mas com certo charme.
O filme dirigido pelo espanhol Juan Carlos Fresnadillo conta a história de Elodie, uma garota nobre escolhida para se casar com o príncipe de um reino próspero, ao contrário da região onde ela mora. Em troca de muito ouro para ajudar seu condado, Elodie aceita se casar e chega até a se interessar pelo charmoso príncipe (vivido por Nick Robinson). Logo após a cerimônia, porém, o conto de fadas se torna um pesadelo, quando ela é jogada pelo noivo no fosso de uma caverna, como sacrifício para uma tenebrosa criatura. A garota sobrevive e luta contra o bicho cuspidor de fogo, numa transição de donzela para Xena, a princesa guerreira. Apesar da história em si ser um tanto óbvia em tempos de filmes com protagonistas femininas fortes, são os detalhes que mostram que a produção fez a lição de casa. Confira cinco momentos específicos que, apesar de discretos, quebram estereótipos comuns ao dia a dia da mulher.
Competição feminina
Quando chega ao castelo, em um quarto luxuoso, Elodie olha pela sacada e vê outra bela garota, na torre ao lado. Se o filme fosse de míseros dez anos atrás, as duas jovens se encarariam de forma estranha e ameaçadora, incitando a competição. Aqui, porém, uma sorri para a outra – eventualmente, ambas acabarão no mesmo fosso. Por outro lado, quando a madrasta de Elodie (interpretada por Angela Bassett) tenta se aproximar da rainha (vivida pela ótima Robin Wright), ela leva uma patada, já que a soberana não busca amizades – assim, a lição óbvia é que as relações entre mulheres não é pautada por competições, e elas podem ser amigas ou não, como acontece com os homens.
Choro e gritos
A queda, óbvio, causa ferimentos em Elodie – assim como uma rajada de fogo do dragão que atinge parte de sua perna. A garota é forte e destemida, mas nem por isso precisa esconder suas emoções: ela chora, grita em momentos dignos de lágrimas e desespero. A escolha é válida já que diversos filmes da onda “mulheres fortes” se esforçam muito para manter suas personagens frias, tentando quebrar o estereótipo de que mulheres são muito emotivas. Em Donzela, se você foi tirada de sua família, jogada num fosso e perseguida por um monstro, sim, você tem o direito de chorar – e ainda sobreviver.
Salva a si mesma – mas não sozinha
O filme é uma versão ao contrário do famoso conto de fadas no qual uma donzela em perigo, muitas vezes presa por um monstro, é salva por um príncipe. Elodie precisa salvar a si mesma. Apesar de estar sozinha, ela tem, por assim dizer, ajuda e companhia. Ao longo da fuga da caverna, Elodie encontra anotações e mapas de outras princesas que chegaram tão longe quanto ela. Até mesmo uma coroa deixada para trás serve de ferramenta em certo ponto. Ao fim, uma espécie de sinal das jovens mortas ali ajuda a jovem a vencer a criatura – e, ainda por cima, conquistá-la para seu lado da briga. No melhor estilo “mexeu com uma, mexeu com todas”.