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Por João Batista Oliveira
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Escolas de tempo integral fazem diferença?

Não existe bala de prata. O tempo integral – qualquer que seja a sua definição – não vem afetando significativamente o desempenho dos alunos.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 21 nov 2019, 16h28 - Publicado em 21 nov 2019, 16h00

No post anterior, a pergunta era se o tempo integral – ou a duração da jornada escolar – faz diferença no desempenho, e a resposta foi negativa. Estamos dando continuidade à série que discute os pontos principais do Estudo “Para desatar os nós da educação – uma nova agenda”.

Agora a pergunta é mais específica e refere-se a escolas em que pelo menos 70% das turmas funcionam em tempo integral. Tipicamente são escolas concebidas para operar em tempo integral, com currículo e proposta pedagógica adequadas a esse conceito – e não um “puxadinho”, como nos casos estudados no post anterior.

Os resultados não são diferentes, nem para o ensino fundamental nem para o ensino médio. Comecemos por essa figura, que apresenta os dados do impacto de escolas de tempo integral no desempenho de alunos do 5º e 9º anos.

As barras se referem ao ganho de pontos entre turmas de tempo integral e turmas com tempo parcial. Em diferentes anos, a diferença em pontos é sempre muito pequena. A barra em azul escuro refere-se às turmas de 5º ano, e a barra em azul claro refere-se ao 9º ano. Como o desvio-padrão da Prova Brasil é de 50 pontos, essas diferenças são irrelevantes. As variações entre anos são leves, mas não sugerem nenhum efeito positivo sistemático significativo.

O mesmo ocorre no ensino médio (veja essa figura). O valor em pontos é maior, mas o desvio-padrão do ENEM é de 100 pontos. Portanto, em unidades de desvio padrão, os ganhos são muito reduzidos. A instabilidade de resultados em diferentes anos sugere que inexiste uma tendência consistente de melhora que possa ser atribuída ao tempo integral.

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O que podemos concluir com esses dados? O mesmo de sempre: não existe bala de prata. O tempo integral – qualquer que seja a sua definição – não vem afetando significativamente o desempenho dos alunos. E como seus custos são elevados, possivelmente haveria melhor uso para fazer com o dinheiro, seja para melhorar o desempenho escolar seja para outros fins.

Por outro lado, há fortes indícios de que algumas intervenções que usam o tempo integral, notadamente as promovidas pelo ICE – Instituto de Corresponsabilidade Social, vêm alcançando resultados robustos – e que são inegáveis. Há várias interpretações possíveis e não excludentes. Uma delas seria que a diferença está na proposta pedagógica e na qualidade da intervenção, não necessariamente no tempo integral. Uma outra estaria associada a critérios de seleção de alunos – os que se matriculam e ficam nessas escolas têm um perfil diferente da média.

Nada disso tira o mérito dessas iniciativas. Apenas sugere cautela na atribuição das causas do melhor desempenho. E, sobretudo, sugere cautela quanto à adoção indiscriminada do “tempo integral”, qualquer que seja seu sentido e qualquer que seja a intenção. De boas intenções o inferno está cheio!

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