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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Brasil no Pisa ou a crônica de uma morte anunciada

Por que nosso desempenho educacional é tão medíocre? Por que, mesmo tendo dobrado os gastos com educação nos últimos vinte anos, não conseguimos melhorar?

Por João Batista Oliveira Atualizado em 3 dez 2019, 13h30 - Publicado em 3 dez 2019, 13h15

O mundo da educação se debruça sobre os resultados do Pisa. Como na “Crônica de uma morte anunciada”, quase todos os habitantes nada fazem de concreto para proteger as vítimas – a juventude do país sacrificada no altar da incompetência no trato das questões educacionais. Como na crônica de García Márques, é incrível a quantidade de coincidências funestas acumuladas que dão a impressão de uma fatalidade que deixa invisíveis os responsáveis pelo genocídio que se comete no Brasil. Qual o crime? Quais as vítimas? Quais as consequências?

O crime reside na ausência de uma política educacional competente e consistente e na banalização de pseudossoluções. As vítimas são especialmente os jovens que, em vez de encontrar na escola o passaporte para o futuro, encontram nela o início de uma vida de frustrações e fracassos. As consequências são um país que destrói o potencial de seus recursos humanos e, assim, não se credencia para competir no século XXI.

Pioramos? Não: chafurdamos na lama. Desde que o Brasil participa do Pisa, no ano 2000, nossos resultados praticamente não melhoram. Os avanços foram mínimos e se devem ao fato de que mais jovens chegam ao 2o ano do ensino médio, e não à melhoria do ensino.

Como nos comparamos com os demais países? A comparação que interessa são os países da OCDE – os países que, de uma forma ou outra, ingressaram no chamado “primeiro mundo”. Nossos resultados indicam que depois de nove anos na escola, nossos alunos, em média, dominam apenas os conteúdos equivalentes ao quarto ou quinto primeiro ano das escolas daqueles países. Cerca de metade dos brasileiros não atinge o limiar da porta da entrada – o nível 2 numa escala de 7 pontos. Atenção: 35% dos jovens de 15 anos não participam do Pisa, pois estão fora da escola, e também abaixo desse limiar.

Outro resultado que deveria ser preocupante: a elite brasileira, formada sobretudo pelos alunos que estudam em nossas escolas particulares, alcança resultados próximos à média do que alcançam o conjunto de alunos dos países da OCDE. Apenas 2% dos jovens brasileiros atingem os níveis mais elevados de desempenho. Nos países da OCDE, tipicamente 10% ou mais dos alunos chegam lá. Essa é a locomotiva do progresso. Mas no Brasil são vítimas de uma política equivocada de ensino médio e da forma de seleção para as universidades.

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Onde estão os culpados? Por que nosso desempenho é tão medíocre? Por que, tendo mais que dobrado os gastos com educação nos últimos vinte anos, não conseguimos melhorar?

Por que, apesar de tanta publicidade e autopromoção, não temos exemplos concretos de mudanças estruturais em nenhum estado da Federação?

Apesar de anunciada, a morte de Santiago não foi levada a sério pela maioria das pessoas que estavam envolvidas, e que poderiam tê-la evitado. O mesmo acontece no Brasil.

Essas pessoas somos nós. Nos próximos posts, vamos analisar os detalhes do crime. E, quem sabe, provocar a consciência e a disposição para o diálogo e para a ação por parte de quem poderia contribuir para evitar que ele continue a ser cometido.

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