Executivo fraco, Legislativo forte, Judiciário atuante, eis o desenho do desequilíbrio entre Poderes no qual se enquadra nossa combalida República em que o Congresso faz gato e sapato de um presidente que, acuado pelo presumido rigor dos juízes, se dispõe a atender qualquer exigência do diabo para se manter no cargo.
Depois de dançar um miudinho nas mãos da oposição de fato e de opositores aliados durante a manhã e boa parte da tarde da quarta-feira (25), Michel Temer conseguiu 251 votos (cem a mais que o necessário, 12 a menos que o obtido em votação de denúncia anterior) para sustar investigações que poderiam em tese afastá-lo do mandato por 180 dias e, na prática, deixá-lo fora do jogo político.
Não ganhou por suas qualidades; foi salvo pelos defeitos com os quais se identificaram deputados enrolados nas entranhas da (i)legalidade, mediante atendimento de demandas que em tempos normais ficariam reprimidas. Pela necessidade de contenção de gastos ou por necessária observância aos interesses do bem comum como a proteção rigorosa do meio ambiente, o firme combate ao trabalho escravo e a passagem de passivos à iniciativa privada de forma a que se transformem em ativos (privatização do aeroporto de Congonhas, por exemplo).
E assim chegamos ao ponto: ok, o presidente fica, mas como, por que e para quê? Para cumprir uma enfadonha tabela até a eleição de 2018 sobre a qual não terá a menor influência do tocante à vontade da sociedade.