Paulo Guedes emprestou lema de Lula para explicar drible no teto de gastos
Como o discurso do ministro da Economia a representantes do mercado financeiro vem alinhado às falas do petista sobre gastos públicos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu a linha de qual será o discurso adotado pelo governo para justificar o drible no teto de gastos durante a campanha eleitoral. Convidado para falar ao seu tradicional público da Faria Lima em um evento da XP Investimentos, Guedes reconheceu que, sim, o governo violou o teto de gastos. Mas foi, diz ele, pelos motivos certos.
“Então você fala assim: vocês violaram o teto? A resposta: sim, nós violamos o teto. O teto é para impedir o crescimento do governo, porque nós somos liberais, nós queremos reduzir o peso do governo. Então o teto é para não deixar subir o governo. Aí chega uma doença, tem que transferir dinheiro para as pessoas. Eu estou fazendo o governo crescer? Não, estou dando um auxílio para os mais frágeis, enquanto a doença está aí ou enquanto a guerra da Ucrânia está aí, de forma que eles possam sobreviver.”
A premissa não é muito diferente da adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sempre que defende o fim do teto de gastos, Lula afirma que a ideia de estancar o inchaço da máquina pública não pode vir ao custo de cortar despesas necessárias na área social.
Há, entretanto, uma diferença entre o raciocínio de Guedes e o do PT. Lula já fala de cara que é contra o teto. O ministro da Economia dá a entender que o drible foi uma coisa temporária, exigida pela pandemia. Mas a PEC Kamikaze, que deu mais um balão nos limites impostos por lei ao gasto público, veio às vésperas da eleição. E com o claro objetivo de assegurar o Auxílio Brasil de R$ 600 antes da eleição, não no auge da pandemia.
Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro já fala em repetir o gesto. Afinal, foi ele quem levantou a ideia de aprovar uma nova proposta de emenda à Constituição para, quem sabe, estender o Auxílio Brasil turbinado em 2023. Isso, é claro, caso ele consiga se reeleger em outubro.
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