A mensagem por trás do discurso de Dilma no banco dos Brics
Ex-presidente toma distância da política ao assumir comando do New Development Bank
A ex-presidente Dilma Rousseff parece determinada a virar a página e tomar uma certa distância da política. A cerimônia de posse da nova presidente do New Development Bank, o banco dos Brics, mostrou uma Dilma empenhada em imprimir uma visão técnica no novo cargo. Algo como recuperar a imagem de gestora que tinha antes de embarcar no projeto presidencial interrompido pelo impeachment em 2016.
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Seu discurso foi focado no papel do banco de desenvolvimento no cenário internacional, nas relações entre os países que integram o Brics. Falou ainda da cooperação entre nações em desenvolvimento. E veio, como era de se esperar, com agradecimentos a Lula e também à comitiva que acompanhou o presidente na viagem oficial à China.
Nada mais natural. Afinal, embora publicamente muita gente goste de negar, ninguém questiona nos bastidores que a indicação de Dilma ao novo cargo é uma espécie de prêmio de consolação. Uma forma de reparação pelos serviços prestados ao projeto petista.
Desde os tempos da campanha presidencial, interlocutores próximos de Lula já diziam que o destino provável de Dilma seria o exterior. O então candidato e seus aliados mais próximos concordavam que a amiga ainda guardava uma boa reputação em países com os quais o governo petista mantinha boas relações.
Lula também entende desde aquela época que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre sua prisão na Lava-Jato – o órgão entende que ele teve seus direitos políticos desrespeitados – sustentou a narrativa de que teria havido uma perseguição da esquerda.
Sendo assim, não haveria lugar melhor para Dilma que longe do Brasil. Assim, a ex-presidente poderia ter uma projeção relevante sem virar alvo direto da artilharia da oposição. É sem dúvida o que aconteceria em solo brasileiro. Uma dor de cabeça que ninguém quer ter no novo governo.
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